Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, profissionais de recepção e demais trabalhadores da saúde do município de Barueri vêm a público cobrar o reajuste salarial real, após todos os esforços que empreenderam no combate a pandemia. Em carta aberta, eles informam a falta de correção desde 2018 e reivindicam o ajuste de 29%.
A defasagem salarial de três anos é incompatível com a manutenção da qualidade de vida tendo em vista o aumento vertiginoso da inflação (a partir dos índices do IPCA, eles calculam a necessidade de correção de pelo menos 20%). Sobretudo, àqueles que se exigiu grandes sacrifícios durante a emergência sanitária – o Brasil foi o país que mais matou trabalhadores da saúde por Covid-19. A carta lembra que 5 médicos e 6 profissionais da enfermagem que prestavam assistência em Barueri faleceram.
Ainda assim, no final de 2020, a Prefeitura de Barueri emitiu um decreto que previa a alteração de horários, jornada e locais de trabalho dos médicos servidores sem consultar a categoria. A falta de diálogo persistiu mesmo após a intervenção do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), que moveu uma ação civil coletiva para impedir a redução da carga horária dos médicos com redução de salário. No documento, eles também se referem a decisão judicial que impossibilitou o pagamento do 14° salário a todos os servidores do município, que constituía parte significativa de suas rendas
Diante das justas reivindicações e da manifestação pública dos profissionais, o Simesp e o Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (SEESP) solicitam uma reunião com a Prefeitura de Barueri no dia 29 de novembro. As entidades exigem que as reivindicações dos trabalhadores da saúde sejam aceitas.
Reproduzimos abaixo a carta dos servidores.
Carta aberta dos servidores públicos da assistência à saúde de Barueri
Nós servidores da saúde de Barueri (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, recepção e demais envolvidos na assistência à saúde) que atendemos a população não medindo esforços, em especial durante esta pandemia em que nos encontramos, vimos a público demonstrar nossa insatisfação frente ao reajuste defasado que nos foi concedido.
Tendo em vista que o último reajuste que nos foi dado ocorreu em 2018, temos uma defasagem de 3 anos, o que apontaria para um reajuste de cerca de 20% para o período (IPCA 2019 4,31%; 2020 4,52% e 2021 com previsão de acima de 10%). Associado a isto no último ano vivemos em meio à incertezas pela pandemia, nos colocando a frente no enfrentamento a uma doença desconhecida, fazendo jus aos nossos juramentos e profissões, visando sempre o bem ao próximo, por vezes com a perda da própria vida e outras vezes levando a internações em UTI e sequelas permanentes físicas e psicológicas.
Tivemos ao menos 5 médicos falecidos que prestavam assistência em Barueri (lembrando que 77 faleceram no estado de São Paulo e 893 no Brasil) e 6 profissionais da enfermagem (lembrando que 104 faleceram no estado de São Paulo e 869 do Brasil). Vimos ainda, apesar de não termos parado um minuto se quer de trabalhar, “congelarem” nosso tempo de contagem para aposentadoria e de licença durante a pandemia, nos gerando ainda mais frustrações.
Além destes fatos todos os servidores de Barueri tiveram uma perda significativa de renda por uma decisão judicial que impossibilitou o pagamento do 14° salário, sendo assim o aumento real de salário seria de apenas 2,3% em três anos (0,76% ao ano).
Diante do exposto, nossa solicitação é que nos deem o reajuste justo ao tempo e quem sabe um aumento real, o que nos demostraria a real valorização e gratidão que tanto almejamos. Reivindicamos 29% de reajuste salarial. Visto que esse montante foi concedido aos demais servidores da educação, nos somamos a eles para adequação de nossos provimentos. Apelamos também à população para nos auxiliar a defender a saúde pública e a garantia de profissionais qualificados para prestar esse serviço a todos!
Atenciosamente,
Servidores e Servidoras da Saúde do Município de Barueri