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Violência externa é a principal causa de morte a partir dos cinco anos de idade

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16/03/2011 | Notícia Simesp

Violência externa é a principal causa de morte a partir dos cinco anos de idade

“Doutor, na rua faço o que quero: roubo, fumo, cheiro, eu sou livre. Quando volto pra casa sem dinheiro, é só porrada”. O triste relato é, infelizmente, a realidade vivida por muitos meninos e meninas, que sentem na pele o peso da desestrutura e da violência familiar. A história, coletada durante visita domiciliar a uma família em situação de risco, está descrita no livro O muro do silêncio, do médico especialista em violência doméstica contra criança e adolescente, Ayrton Margarido.

A violência externa (compreende desde acidentes até homicídios) no Brasil, considerada problema de saúde pública, é a principal causa de morte a partir dos cinco anos de idade. Segundo o Laboratório de Estudos da Criança (Lacri) da USP, em média, para cada caso notificado, outros 11 não são informados.

De acordo com o especialista, o médico da atenção primária tem papel preponderante na interrupção do ciclo da violência, observando fatores de risco na família e sinais característicos que sinalizam possível agressão. Identificada, é preciso notificar à supervisão local de Saúde e ao Conselho Tutelar. “Caso julgue as medidas ineficazes, pode efetivamente fazer denúncia à delegacia ou à Vara da Infância e Adolescência”.

Outro caminho – o ideal, segundo o médico – seria a formação das Redes de Proteção, que funcionam nas comunidades, envolvendo vários segmentos da sociedade: escolas, instituições religiosas, lideranças de bairros, Conselho Tutelar e Conselho de Segurança – o Conseg – etc. “As Redes funcionam muito bem, pois ampliam a vigilância, dão respaldo à denúncia e são oportuna alternativa aos profissionais que temem represálias caso façam denúncia formal, e isoladamente, aos órgãos competentes. Na prática, as Redes fazem levantamentos e dão seguimento aos casos informados pelos profissionais, interagindo com todos os seus setores, trabalhando com a finalidade de fazer valer o direito do menor”.

Médico comunitário na Zona Leste da cidade de São Paulo, Ayrton Margarido é enfático ao afirmar que a violência desconhece barreiras geográficas e econômicas. “O muro do silêncio parece ser mais estreito nas famílias menos favorecidas, porém a violência não escolhe classe social”.

O autor é mestre em Saúde e Gestão do Trabalho, pós-graduado em Pediatria e Medicina de Família e Comunitária, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Lacri (USP) e professor universitário (Universidade São Camilo). O livro oferece subsídios para pais, professores e profissionais da Saúde para suspeição, diagnóstico, enfrentamento e prevenção da violência. Atualíssimo, insere-se na grande luta nacional em defesa da integridade física e moral de milhares de seres humanos que estão nas primeiras etapas da vida.

Serviço:

Conheça o trabalho e/ou adquira o livro pelo site www.cieds.com.br