Simesp

Vencedor de pregão para substituir maternidade HSPM lidera reclamações

Home > Vencedor de pregão para substituir maternidade HSPM lidera reclamações
23/07/2025 | Notícia Simesp

Vencedor de pregão para substituir maternidade HSPM lidera reclamações

Reprodução Sindsep

Os momentos de incerteza e angústia de uma servidora pública municipal, gestante de alto risco pela hipertensão e diabetes gestacional, tiveram desfecho de alegria essa semana, com o parto realizado na maternidade do Hospital do Servidor Público Municipal.

A servidora, que fez todo o seu pré-natal na maternidade do HSPM, foi surpreendida com a notícia de que seu parto deveria ser realizado no Hospital Saint Patrick – Portinari, na Vila Jaguara. Após algumas tentativas de contato com o hospital, a servidora foi até lá acompanhada de seu marido, no último dia 16 de julho. “Chegamos bem cedo, por volta das 5h30, com a carta da médica ginecologista do HSPM, que me acompanhou no pré-natal, mas tivemos que esperar até às 7h quando começou o atendimento no Hospital Saint Patrick”.

Dali pra frente, foram quase 12 horas de surpresas negativas no atendimento e espera, disse o marido da gestante. “Saímos do Saint Patrick era quatro e pouco da tarde, sem os resultados de exames que ela fez e faltando o ultrassom, que não tinha no hospital”.

A gestante relatou um péssimo atendimento. “Foi muito violento. Ao entrarmos na sala do médico para a consulta fomos abordados de forma grosseira, porque estávamos com o celular na mão. Quando fui entregar a carta da médica que acompanhou meu pré-natal, ele se recusou a ler e disse que um médico não manda na conduta do outro”.

Faltam exames, higiene e acolhimento

Depois do ato grosseiro, o médico limitou-se a solicitar exames de sangue, cardiotocografia e ultrassom. Para este último, ela recebeu a informação de que o hospital não dispunha do exame, e que deveria fazer o agendamento via whatsapp em um outro local. Porém, não obteve qualquer retorno dos telefones com os quais entrou em contato. Para os exames laboratoriais, não foi possível pegar todos os resultados. Ao retornar ao consultório, o médico informou, sem mais detalhes, que agendaria a cesariana para o sábado (19/07), em razão da falta de resultados dos exames laboratoriais.

“Não me senti em nenhum momento acolhida naquele hospital”, desabafou a gestante à secretária de Trabalhadores(as) da Saúde do Sindsep, Flávia Anunciação, no dia 17 de julho. O hospital não ofereceu um local para descanso, alimentação ou condições de higiene em todo o período que a servidora esteve lá. Apesar de hipertensa e diabética ela ficou parte do tempo na cadeira da recepção e parte dentro do carro, aguardando o resultado de exames. Teve de sair para se alimentar e na necessidade recorrente de urinar, a servidora se deparou com banheiros bastante sujos.

Sevidora procurou o Sindicato

Ao ser procurado pela servidora, o Sindsep encaminhou ofício à Superintendência do HSPM, no dia 17 de julho, apresentando a falta de condições do Hospital Saint Patrick, e solicitando a garantia de atendimento qualificado na maternidade do HSPM.

Apesar da falta de resposta da superintendência ao ofício, a gestante bastante apreensiva foi ao Hospital do Servidor no dia seguinte, acompanhada de seu marido e da dirigente do Sindsep. A servidora realizou todos os exames e em razão das alterações da pressão arterial, e da ação do Sindsep, foi internada. Ao receber a confirmação da vaga pelo médico, desabafou emocionada: “Aqui eu tô segura, eu sei que aqui eu tô segura. Eu fiquei com muito medo de ter de voltar pra lá. Eu fui lá e não estou nem conseguindo dormir pensando como é que seria. O doutor me tratou muito mal, muito mal. Eu sei que aqui eu tô bem cuidada. Eu já fiquei internada aqui e todo mundo me atendeu super bem. Aqui eu me sinto tranquila. Até a claridade do local me deixa mais tranquila, sabe?”

Jurídico alerta para riscos da medida da superintendência

Joaquim Pereira, advogado do Sindsep, que vem acompanhando o processo de transferência do atendimento materno-infantil para a empresa vencedora do pregão eletrônico 90.188 de 2025, faz um alerta sobre os riscos da medida. “O pregão é uma modalidade de licitação feita para compras de bens e serviços comuns, como material de escritório, serviço de limpeza. O seu critério principal é o menor preço global, mas a gente está falando de vidas de mães e bebês, que exigem nível de qualidade, qualificação profissional e fiscalização rigorosa. Então, ao usar o pregão, a qualidade da assistência tem que se adaptar às limitações do pregão”, explica.

Um exemplo da adaptação a esses limites, citada pelo advogado, é que se a internação ultrapassar os três dias, a mãe e o recém-nascido devem ser transferidos para o HSPM. “É uma regra imposta apenas por força do contrato, não pela saúde da paciente. Isso cria riscos desnecessários”. O advogado informou que o Sindicato já denunciou a situação ao Ministério Público de São Paulo, onde também há um procedimento administrativo sobre o assunto.

Saint Patrick lidera ranking de mal atendimento

Em levantamento realizado no site “Reclame Aqui”, uma plataforma de conteúdo de postagem pública das reclamações de consumidores sobre o atendimento de empresas, a Imprensa do Sindsep constatou que o Hospital e Pronto Socorro Saint Patrick – Portinari é uma “empresa de reputação não recomendada”. A indicação do “Reclame Aqui” considera o nível de reclamações, agilidade de resposta e satisfação do consumidor. Neste caso, das 144 reclamações envolvendo o hospital, nos últimos 12 meses, apenas 33,3% delas foram respondidas pelo Saint Patrick, enquanto mais de 66% dos consumidores ou usuários seguem aguardando retorno da empresa.

A falta de atendimento adequado, de resposta satisfatória por parte da equipe do hospital, além de ausência de higiene e problemas em procedimentos são algumas das denúncias recorrentes.