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Todos os anos, de março a maio, centro cultural em Juquitiba recebe representantes do Xingu

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20/02/2010 | Notícia Simesp

Todos os anos, de março a maio, centro cultural em Juquitiba recebe representantes do Xingu

Todos os anos, nos meses de março a maio, um grupo de índios kuikuros deixa o Xingu e segue para São Paulo, trazendo na bagagem um pouco da cultura, dos costumes e do artesanato, promovendo intenso intercâmbio cultural. As atividades da tribo podem ser conferidas na Aldeia Cenográfica da Toca da Raposa – refúgio ecológico a apenas 58 quilômetros da Capital, localizado no município de Juquitiba.

Os kuikuros vivem basicamente da venda do artesanato produzido na aldeia, como colares de caramujo, redes de buriti, esteiras, bancos, cerâmicas e brinquedos. Eles precisavam de um espaço para vender sua arte, e no ano de 1997 uma parceria os aproximou dos paulistas. No ano anterior, a educadora Regina Fonseca, proprietária do Parque Toca da Raposa, em visita ao Xingu, pensou juntamente com o chefe da tribo, o cacique Afukaka Kuikuro, em uma proposta de comercialização para ajudar a preservação daquela cultura. O projeto virou realidade, tornando-se um sucesso e atraindo público de todos os lugares, inclusive estrangeiros.

A educadora explica que o artesanato tem a função de melhorar a vida da aldeia. “Eles têm vida simples, não acumulam riqueza. A renda obtida é revertida em prol da própria comunidade”. Com o dinheiro arrecadado, investem em novos equipamentos agrícolas, ferramentas e material para artesanato, geradores, motores de popa, peças para manutenção do trator e do caminhão, máquinas de costura, linhas e anzóis, redes de pesca, entre outros.

Uma série de atividades acontece durante os finais de semana e feriados, no período de 28 de março a 16 de maio deste ano. Sempre às 14h30, inicia-se a cerimônia oficial. O cacique Afukaka Kuikuro dá as boas vindas aos turistas, faz um breve histórico sobre o modo de vida deles, as dificuldades e alegrias de ser índio no Brasil, alertando a todos sobre a importância da preservação dos costumes e dos povos indígenas.

Em seguida, começa efetivamente a apresentação. Com o corpo pintado e lindamente ornamentados com plumas, colares e pulseiras, homens, mulheres, adolescentes e crianças apresentam danças, cantos e mistérios. Os visitantes se empolgam com a graça e riqueza daquela cultura e, em determinado momento, são convidados a participar dos rituais, havendo total interação entre as raças. Os índios também fazem demonstrações de arco e flecha e da luta Uka-Uka.

Encerradas as apresentações, a aldeia cenográfica é aberta para visitação, o público pode entrar na oca, bater papo com os índios e aproveitar para registrar o momento único clicando muitas fotos (filmagens são proibidas). Não é todo dia que se tem a chance de estar ao lado de uma tribo. Os mais empolgados podem se render, momentaneamente, aos costumes dos kuikuros, fazendo uma “tatuagem”. Preparada com produtos naturais como urucum e jenipapo, a pintura corporal é feita pelas mãos de experientes índios, que a transformam em belas imagens. O produto sai em cerca de 15 dias, podendo ser feito inclusive nas crianças.

Não deixe de experimentar o delicioso peixe assado na brasa acompanhado de beiju, base da culinária indígena, preparados com todo carinho e servidos de forma improvisada, “à moda do índio” – cada pessoa pega o tira-gosto com as mãos, nada de pratos ou talheres.

Centro cultural

A Toca da Raposa tem dois objetivos fundamentais, trabalhados especialmente com crianças: educação ambiental e resgate da cultura popular. No primeiro, é desenvolvido um trabalho de preservação da flora e fauna silvestres. Há criadouro conservacionista que cuida de aproximadamente 270 mamíferos, répteis e aves. “São animais vítimas de tráfico e maus-tratos que chegam até nós; recebem tratamento veterinário e, quando possível, são devolvidos ao habitat natural”, explica Gisele Rodrigues Mazza, coordenadora de projetos da Toca da Raposa. Entre os animais, Gisele destaca seu xodó: Carlinhos, um monocarvoeiro – maior espécie de primatas do Brasil. “Ele é uma graça, e tem uma namorada chamada Mel. Estamos na torcida para continuarem se entendendo, e quem sabe, ampliar a família.”

No segundo ponto, o resgate das raízes é feito por meio de antigas brincadeiras. Da turma que já passou dos 30 anos, quem não se lembra dos jogos de amarelinha, batata quente, duro ou mole, corre cotia, chuta lata, barra manteiga?

Em seus 80 mil metros quadrados de área verde, uma trilha ajuda o visitante a desvendar os mistérios do local. Um dos pontos de parada obrigatória é a Casa do Tio Barnabé, feita de pau-a-pique, onde a imaginação corre solta com os causos folclóricos narrados pelos monitores, como as travessuras do Saci-Pererê, as maldades da Cuca, a lenda do Curupira e muitas outras. “É um espaço único, temos um olhar focado na educação, e não podemos deixar morrer aquilo no qual acreditamos”, avalia Gisele.

Exceto no período de visitação dos kuikuros, durante o restante do ano a Toca da Raposa só atende escolas ou grupos agendados (acima de 35 pessoas).

Vale conferir

Finais de semana e feriados de 28 de março a 16 de maio. Datas especiais para escolas e grupos. Funcionamento do Parque: das 9h30 às 16h30. Apresentação dos kuikuros na Aldeia Cenográfica: 14h30. Valores: adultos e crianças acima de cinco anos: R$ 35. Crianças até cinco anos: R$ 25. Crianças de colo não pagam. Não aceitam cartão de crédito/débito. Telefones 4681-2854 e 3813-8773. www.tocadaraposa.com.br.