O Sindicato Médico do RS (SIMERS) irá cobrar na Justiça os três meses de salários atrasados dos médicos que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Tramandaí, no Litoral Norte. A medida será acionada caso o pagamento não seja regularizado nos próximos dias.
Nesta terça-feira, 31, a entidade notificará extra-judicialmente a Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlin Norte), responsável pelas contratações dos seis socorristas e que mantém convênio com a Secretaria Estadual da Saúde (SES). "Já perdemos a conta de quantas vezes atuamos para garantir estes pagamentos. Um dos médicos, há três anos no serviço, recebeu em dia apenas uma vez", relata o diretor do SIMERS, Nauro Aguiar, que visitou a região nesta terça.
Além dos médicos, enfermeiros estão sem receber desde março e o atraso dos técnicos e condutores é referente a abril. Mas não só a falta de pagamento preocupa quem trabalha no serviço. Os profissionais relataram ao Sindicato as condições precárias de trabalho, que incluem falta de combustível e de alimentos. A unidade já recebeu até mesmo doações de mantimentos, feito por um grupo de idosos da comunidade. "Os médicos já tiraram dinheiro do próprio bolso para colocar gasolina e poder fazer a remoção de um paciente", alertou Nauro.
Aguiar explica que a associação recebe verbas dos governos federal e estadual para manter os atendimentos. Os valores ainda são repassados a outra empresa, chamada Futura, reforçando a precariedade das relações de trabalho. "É o laranja do laranja. Os médicos não possuem nem direito a férias", afirma Aguiar.
O SAMU de Tramandaí é uma unidade avançada, com duas ambulâncias (uma básica) e 31 profissionais. A população atendida compreende mais de 100 mil habitantes, entre Tramandaí e municípios vizinhos, incluindo a BR 101. No Litoral Norte, são mais três unidades deste tipo.