Entidade diz que médicos são alvos fáceis pois não abandonam pacientes
A precariedade na estrutura de atendimento do SUS pode levar a novos casos de violência dentro de emergências e postos em Porto Alegre. O alerta foi feito na última segunda, 28, pela direção do Sindicato Médico do RS (SIMERS), após encontro com representantes do Hospital São Lucas da PUC, palco da mais recente agressão a médicos.
O diretor do Sindicato Edson Prado Machado ressalta que os profissionais se tornaram vítimas frequentes de agressões porque estão na linha de frente do atendimento, mesmo sob condições precárias. "Os médicos já suportam todas as adversidades. Só não podem agora ser penalizados por falhas dos gestores. Não vamos admitir isso", preveniu o dirigente.
Na última sexta (25), um homem com mais de 50 anos, que estava há cinco dias internado em uma cadeira devido à superlotação, partiu com violência sobre um atendente e dois médicos residentes. Três dias antes (terça, 22) uma médica da emergência do Conceição (a maior do Sul do Brasil) foi ferida após revolta de um paciente dentro do consultório.
"Nossa preocupação é que fatos como esses virem rotina. A população está reagindo à desassistência com atos de violência. Os médicos e demais profissionais não têm culpa pelas carências do SUS", ressalta o diretor do Sindicato. Machado lamentou que o diretor técnico e clínico do São Lucas, Plínio Medaglia, considere a ocorrência um fato isolado.
O SIMERS informa que tem ação restrita nos dois casos, já que os médicos preferem não registrar queixa contra os autores. Mesmo assim, o diretor do Sindicato reforçou que é preciso rigor na apuração do caso, além de mais segurança. A entidade já solicitou audiência com a Secretaria Estadual da Segurança e com a Secretaria Municipal da Saúde. À Segurança Pública, o Sindicato exigirá presença de policiais militares nos locais de atendimento. Aos gestores do SUS, será cobrado o aumento de leitos hospitalares e a melhoria na rede básica.
No encontro, o diretor do São Lucas informou que o paciente teria se revoltado ao saber que permaneceria mais tempo na cadeira, enquanto a equipe do hospital investigava seu problema. Medaglia informou que o incidente foi registrado na Brigada Militar. Ele vinculou o episódio à grande demanda (nesta segunda, havia 35 pacientes internados no serviço para 15 vagas). O público lotava as dependências da recepção. Dentro da emergência, o corredor estava tomado por enfermos instalados em cadeiras por falta de vagas.