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Simesp se reúne com médicos do HC de Ribeirão Preto e alerta para riscos da privatização

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10/06/2025 | Notícia Simesp

Simesp se reúne com médicos do HC de Ribeirão Preto e alerta para riscos da privatização

Terceirização em hospital-escola atinge formação, desorganiza equipes e compromete assistência, diz Simesp

No dia 23 de maio, a secretária geral da diretoria plena do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Juliana Salles, esteve reunida com médicos e médicas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto para ouvir como é a rotina de trabalho e as principais demandas na unidade vinculada à Universidade de São Paulo (USP) e administrada pela organização social (OS) Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência (FAEPA) desde 1989. Durante o encontro, profissionais relataram grave escassez de pessoal especializado, o que compromete diretamente o atendimento a pacientes de alta complexidade, característica central do hospital. Outro ponto crítico apontado foi a defasagem salarial, que tem gerado desestímulo e evasão de profissionais qualificados.

De acordo com denúncias recebidas pelo Simesp, é frequente que os médicos terceirizados, em geral recém-formados, não saibam como manejar corretamente os pacientes por falta de experiência clínica e supervisão. Também há relatos de óbitos evitáveis decorrentes da inexperiência de equipes pejotizadas. 

“Eventuais falhas decorrentes da inexperiência de médicos recém-formados não podem ser atribuídas a esses profissionais, que deveriam estar atuando sob supervisão adequada de colegas mais experientes e especializados da equipe própria do hospital. A responsabilidade é da gestão, que, ao priorizar contratações mais baratas, deixa de organizar as equipes de forma a garantir o equilíbrio técnico necessário para a segurança do atendimento”, explica Juliana. E completa: “A OS e o governo devem garantir o treinamento e supervisão das equipes por meio do estabelecimento de programas de orientação e avaliação, além do desenvolvimento de protocolos de tratamento, detalhados e claros. A população e os profissionais não devem pagar essa conta”.

Juliana afirma que o HC de Ribeirão Preto é uma referência em ensino, pesquisa e atendimento de alta complexidade no interior do estado, e sua estrutura deve ser preservada e fortalecida como hospital universitário público. “O que está em curso é o desmonte silencioso de uma unidade estratégica do SUS, que não deve ser submetida à lógica de mercado. A terceirização rompe com a missão formativa e assistencial do hospital, além de abrir espaço para contratações sem critérios técnicos mínimos, alta rotatividade e perda de qualidade”, ressalta.

O Simesp se compromete a seguir dialogando com os profissionais da unidade e com a sociedade, defendendo concursos públicos, valorização dos trabalhadores e o fortalecimento do SUS.

Privatizações como estratégia para o desmonte do SUS

As denúncias em Ribeirão Preto ocorrem em meio a movimentações do Governo do Estado para avançar com o processo de privatização em hospitais como o Darcy Vargas, Ipiranga e Heliópolis, na capital paulista. Para o Simesp, essa política de privatização, a exemplo do que ocorre no HC de Ribeirão Preto, representa um risco real à qualidade da assistência, além de aprofundar a precarização das relações de trabalho.

A diretora do Simesp conta que os resultados dessa política já são visíveis em outras unidades de saúde terceirizadas: alta rotatividade de profissionais, falta de retenção de talentos, precarização das relações de trabalho e ausência de equipes estáveis e qualificadas. Médicos recém-formados são contratados sem a exigência de especialização, acumulando funções sem o suporte necessário. Quando adquirem experiência, deixam o cargo em busca de melhores condições, aprofundando o ciclo de instabilidade.