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Samu atende menos e demora mais: relatório aponta problemas nas novas bases

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26/07/2019 | Notícia Simesp

Samu atende menos e demora mais: relatório aponta problemas nas novas bases

Após a reestruturação iniciada em fevereiro, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) passou a levar mais tempo para atender um número menor de pacientes. Segundo a reportagem do portal de notícias UOL, publicada em 9 de julho, a comparação entre abril de 2018 e 2019 apresentou uma queda de 21,86% no número de chamadas atendidas, em que o tempo resposta aumentou em cerca de 15% no mesmo período. Os dados, obtidos por meio da própria Secretaria da Saúde (SMS), refletem o que tem sido denunciado pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), e que foi apurado nas 60 visitas técnicas realizadas pela Secretaria e pelo Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep): a reestruturação levou à deterioração das condições de trabalho e piora significativa do atendimento.

Gerson Salvador, diretor do Simesp que acompanha diariamente o trabalho dos profissionais do 192, tem denunciado o desmonte desde março. Segundo ele, os dados apresentados pela SMS são retratos de uma tragédia anunciada. “O resultado é o que era esperado por quem conhece o caráter de urgência do serviço. Não é possível manter a prontidão quando as equipes foram alocadas em locais que precisam até de validação de ticket para saída de ambulâncias”, explica o médico.

Entre os dias 30 de abril e 16 de maio, equipes formadas por representantes da SMS, dos sindicatos e por funcionários visitaram 60 pontos de assistência do Samu para verificar as condições locais. Segundo as repostas obtidas pelos próprios funcionários dos locais visitados, as novas bases não parecem cumprir exigências mínimas de funcionamento. Em metade dos casos, as ambulâncias ficam muito distantes da sala de descanso das equipes; montante de 43% dos pontos não permitem a saída rápida da ambulância; além disso, metade dos locais de assistência não possuem todas as ambulância funcionando ininterruptamente o que, além de estar em desacordo com o Termo de Doação das Ambulâncias (o truque do “espelhamento”), somado aos outros dois fatores citados anteriormente, aumenta o tempo de resposta dos chamados.

Uma das justificativas da SMS para promover o desmonte do Samu era de que, atuando junto a um hospital, a diminuição do intervalo técnico entre um chamado e outro seria alcançada, pois os pacientes seriam direcionados para o local de origem das ambulâncias. Na prática, essa previsão não se concretizou, uma vez que dois terços dos novos pontos de assistência não recebem (ou só recebem em casos excepcionais) pacientes encaminhados pelo 192.

Quanto aos equipamentos, 90% dos pontos não têm locais para a adequada higienização das ambulâncias; 58% não possuem local para a desinfecção de equipamentos; e 73% estão sem área coberta para as ambulâncias, expondo-as a chuvas e altas temperaturas.
O relatório acena para o caráter de desmonte da reestruturação do atendimento pré-hospitalar em São Paulo. Tão importante quanto a prontidão das equipes é a revisão do plano posto em prática pela SMS. Por fim, as visitas indicaram a urgência de novos concursos para recomposição do quadro de funcionários, a reocupação das bases de áreas que ficaram desassistidas, além da falta de estrutura mínima para as equipes nos pontos de assistência localizados em unidades de saúde com instalações antigas.