16/01/2022 | Notícia Simesp
Resposta do Simesp ao Secretário Municipal de Saúde Edson Aparecido
É com muita surpresa que o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e todos os profissionais da atenção básica da cidade recebemos a entrevista do secretário municipal de saúde Edson Aparecido ao UOL. Ele repetiu o que fizeram durante toda a pandemia: primeiro conversam com a mídia e não dão nenhuma satisfação decente aos profissionais de saúde que estão se desdobrando para atender à população na linha de frente.
Precisamos desmentir as declarações:
- O Sindicato e os profissionais de saúde da Atenção Primária não ameaçaram greve 8 vezes durante a pandemia. Aprovamos uma paralisação de 24h para o dia 19/01 numa assembleia com 150 médicos após a falta de diálogo e resolutividade da Prefeitura e das Organizações Sociais de Saúde (OSS) frente às nossas demandas. Tentamos ser ouvidos diversas vezes antes de anunciar a paralisação, porque continuamos a ser responsáveis com a população do município e queremos o melhor para ela.
- O secretário se esqueceu de dizer que a mesa técnica sobre Covid era sempre adiada ou remarcada e que foi extinta pela Secretaria Municipal de Saúde de forma unilateral. Nossas demandas e questionamentos nunca foram escutados ou acatados nesse espaço.
- O secretário diz que já foram contratados mais profissionais para a linha de frente e que já foi aprovado o pagamento de horas extras. Porém, se isso for verdade, é preciso que a Prefeitura assuma sua responsabilidade e fiscalize as OSS que devem executar esse serviço, ou que execute ela mesma. Até agora, diversas organizações não estão pagando as horas extras e, principalmente, NÃO contrataram profissionais para o enfrentamento da pandemia, além de assediar trabalhadores e cobrar que trabalhem como máquinas, e não como pessoas.
- O secretário diz que já repôs os medicamentos, porém, novamente, a população continua sem itens básicos: dipirona, ibuprofeno, antibióticos e muitas outras medicações. Assim como a população, nós temos a clareza de que existe uma diferença entre os discursos e as ações concretas da Prefeitura. Por isso, nossa movimentação não se contenta mais com as muitas promessas que recebemos nas últimas semanas e meses por parte das gerências das unidades, das OSS e da Prefeitura. Não nos contentaremos só com promessas de mais profissionais e de recursos, queremos eles e queremos já! Só aceitaremos essa possibilidade! A população está sofrendo muito para ser atendida, assim como os profissionais de saúde para conseguir atender essas pessoas. Não dá mais pra esperar!!
- Diversas Unidades Básicas de Saúde (UBS) não têm condições de infraestrutura para atender tantos casos de sintomáticos respiratórios. Filas longas, aglomerações e pessoas esperando na chuva, essa é a realidade das tendas de diversas UBS. Além de contratar mais profissionais, o mínimo que a Prefeitura e as OSS devem fazer é estruturar gripários com condições adequadas para a população ser bem atendida.
No mais, não adianta o Sr. Edson distorcer a situação para a mídia e taxar a nós, profissionais da saúde, como pessoas mentirosas e que não querem o diálogo. Agora optamos por paralisar porque estamos há mais de 2 anos na linha de frente de combate a pandemia adoecendo, dando o nosso melhor e sem sermos ouvidas e ouvidos. Queremos o melhor para a população, não achamos justo a situação a que estamos submetidos. Para oferecermos um serviço de qualidade é preciso que tenhamos condições mínimas de trabalho e mais profissionais para fazer esse atendimento.
A primeira questão demandada pela Assembleia para caminharmos para a solução da situação é o diálogo. Temos esperança de realizar uma reunião com o Sr. Edson nesta segunda-feira, dia 17/01, às 16h, na qual sejam demonstradas as medidas que foram executadas para sanar a situação apontada pelas médicas e médicos da Atenção Primária de São Paulo.
Victor Vilela Dourado
Sindicato dos Médicos de São Paulo
São Paulo, 16 de janeiro de 2022.