Os residentes de cirurgia e especialidades cirúrgicas do Hospital Heliópolis decidiram, na tarde desta terça-feira, 2, entrar em greve. Segundo os residentes, o movimento é motivado pela redução de 50% no número de cirurgias de média e alta complexidade nos últimos dois anos. “A formação do médico residente fica prejudicada”, alega Henrique Tótola, R2 em cirurgia geral.
O hospital tem 57 residentes que ocupam as áreas de cirurgia, neurocirurgia, cirurgia vascular, cirurgia cabeça e pescoço, cirurgia do aparelho digestivo, coloproctologia e cirurgia plástica.
Segundo Tótola, por ser referência em algumas áreas, principalmente oncologia, o hospital recebe grande demanda de pacientes devido aos equipamentos de diagnóstico por imagem e aos ambulatórios de especialidades. “É feito o diagnóstico e o tratamento pré-operatório, mas muitas vezes os pacientes acabam perdendo o melhor momento para cirurgia devido à ausência de horário cirúrgico”, expõe.
A redução no número de cirurgias seria por falta de anestesiologistas. No dia 11 de maio, o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) questionou a direção do hospital sobre a falta desses profissionais. A reposta é que os motivos da falta desses profissionais seriam aposentadoria, a saída de médicos (por falta de segurança para trabalhar na região) e a ausência de concurso público.
Os problemas enfrentados no Hospital Heliópolis são reflexos da crise instalada no Sistema Único de Saúde (SUS). “O SUS tem sérios problemas de recursos humanos. É preciso uma política clara, com carreira bem estruturada para solucionar esse problema”, avalia Eder Gatti, presidente do Simesp.