Não poderia ser mais inoportuna e vergonhosa a iniciativa do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de propor a elevação do próprio salário em 95%, e de 283% o salário dos 27 secretários municipais. Pela proposta, segundo divulga a imprensa hoje, o salário do prefeito passaria de R$ 12.384 para R$ 24.117. O salário dos secretários iria de R$ 5.344 para R$ 20.499.
O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalhaes, ao condenar a “absurda” ação do Executivo municipal, lembrou que o salário básico dos médicos da Prefeitura é de R$ 1.273. “Com os chamados penduricalhos da miséria, chega a aproximadamente R$ 2.400. O salário do médico da Prefeitura de São Paulo nos causa indignação, revolta e perplexidade. Por isso, quando sabemos, pela imprensa, da iniciativa do sr. Kassab, de propor esse aumento absurdo, temos mesmo de lamentar e nos revoltar. Ou seja: o médico da Prefeitura de São Paulo, caso a proposta passe na Câmara, continuará ganhando esse valor, que será cerca de 10 vezes menor do que o de um secretário”.
Ainda segundo Cid Carvalhaes, “a Prefeitura não reconhece o trabalho do médico, que se sacrifica cotidianamente, em condições frequentemente precárias, para dar guarida à vida, à saúde de homens, mulheres e crianças de toda a cidade. Não reconhece e, mais do que isso, tem o despropósito de enviar aos vereadores uma medida desse teor. A justificativa do sr. Kassab de que é um ajustamento de ganhos com a realidade de sobrevivência dos seus secretários, só vale para um lado: os apaniguados do poder. Para os trabalhadores, o sacrifício e a miséria. Precisamos nos mobilizar de alguma maneira, a fim de evitar que esse ultraje seja consumado”.