A medida da Prefeitura de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, que autorizou Organizações Sociais (OSs) a contratar médicos “prestadores de serviço” para aumentar a oferta de profissionais, está causando problemas na assistência à saúde da população.
Isso vem acontecendo desde 1° de abril nas unidades Maria Dirce, Paraíso e UPA São João, quando as condições de trabalho pioraram e muitos médicos se demitiram. A escala agora é preenchida por médicos “quarteirizados”, em sua maioria, recém-formados e sem experiência suficiente para atender casos de média complexidade. As demissões ocorreram no início do mês após a transferência da gestão dessas unidades, que antes era feita pela Santa Casa e passou a ser realizada pela Fundação ABC.
“Se a OS quarteiriza os profissionais, a prefeitura não é apenas conivente, mas responsável. A responsabilidade da saúde dos cidadãos é da prefeitura. E a quarteirização prejudica o trabalho dos médicos e expõe à população a riscos”, diz o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Eder Gatti.
Para Gatti, a contratação de médicos sem vínculo empregatício não resolve o problema da saúde pública e da demanda dos hospitais. Ao contrário, enseja em uma série de problemas trabalhistas, já que causa uma relação de insegurança e instabilidade entre profissionais e OSs. “Isso contribui ainda mais para a precarização do trabalho e do atendimento da população, algo que é inaceitável”, afirma Gatti.
Maior tempo de espera nos exames
As unidades ainda sofrem com a precariedade estrutural. Além de aparelhos quebrados, como o caso da máquina de Raio-X, médicos enfrentam dificuldades ao solicitar exames laboratoriais. Antes feitos na unidade, esses testes passaram a ser realizados em um local mais distante após a mudança de organização social.
A consequência disso é o atraso no atendimento, com alguns exames chegando a demorar mais de 24 horas para retornarem. "Temos uma combinação de péssimas condições de trabalho com piora de atendimento. A situação da saúde em Guarulhos está em decadência”, diz Gatti.