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Profissionais da saúde correm o risco de terem os salários rebaixados em plena pandemia

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24/08/2021 | Campanha Salarial

Profissionais da saúde correm o risco de terem os salários rebaixados em plena pandemia

Em 2021, a resposta negativa das representações das empresas de saúde ao reajuste salarial de acordo com a inflação pode ser entendida como mais um ataque aos profissionais que seguem sendo linha de frente no combate à pandemia. Nesse um ano e meio, os já frequentes relatos de exaustão e de jornadas intensificadas em diferentes categorias da área aumentaram. A depender das Organizações Sociais de Saúde (OSS), não há perspectiva de melhoria das condições de trabalho para aqueles que, no Brasil, mais perderam seus colegas.

Anualmente, as categorias profissionais negociam o reajuste com as representações patronais em cláusulas das Convenções Coletivas de Trabalho (CCT) para cobrir eventuais perdas salariais. Neste ano, os sindicatos da saúde constroem em unidade uma Campanha Salarial Unificada para obter mais direitos e um reajuste que esteja, no mínimo, de acordo com a inflação, pois o que as empresas já estão respondendo para algumas categorias valerá de modo geral para todas.

Isso vem se delineando a partir da proposta apresentada ao Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Estado de São Paulo (Sindicomunitário-SP), cuja data-base para negociação se dá antes das demais categorias da saúde, em maio. Passados três meses, o patronal Sindicato das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo (Sindhosfil-SP) propôs um aumento salarial de somente 2% e, ainda por cima, parcelado em duas vezes. O que é insuficiente para cobrir o custo de vida segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que marca a inflação do período em 7,59%. Ao invés de aumentar as gratificações e valorizar os trabalhadores da linha de frente, reduzem os salários.

Sobre a proposta, o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Victor Dourado, comentou “Não basta o Brasil ser o país onde mais morreram profissionais de saúde, não basta o adoecimento e as sequelas, e as precárias condições da prestação de assistência à população, ainda teremos os salários rebaixados em plena pandemia. Isso é um projeto de morte. Enquanto os planos de saúde e as OSS vão muito bem, nós somos esmagados cada vez mais!”

Victor também responsabilizou o Poder Executivo pela perda salarial dos profissionais e criticou a lógica do corte de verbas. “Apesar das OSS fazerem a administração, a responsável pela saúde a nível municipal é a Prefeitura [de São Paulo]. É inadmissível que, ainda estando em vigor a pandemia, com ela ainda causando tantas mortes, a gente tenha redução de investimentos em saúde. Como responsável pelo dinheiro no município, a Prefeitura tem que garantir um repasse de verbas adequado para que a gente consiga fazer uma saúde adequada na cidade.”

Em 19 de agosto, os agentes comunitários de saúde de São Paulo, através do Sindicomunitário-SP, declararam greve para exigir o reajuste salarial de 7,59% pago em uma parcela única e o aumento real de uma série benefícios. Na data, eles realizaram uma passeata com mais de 4 mil trabalhadores da categoria, cujo trajeto teve início no Vale do Anhangabaú, parou na Prefeitura da cidade, e terminou na sede do Sindhosfil-SP. O Simesp esteve presente no ato em solidariedade aos agentes e seu sindicato e para fortalecer os esforços da Campanha Salarial Unificada.

Apesar da forte oposição à irrisória proposta das empresas e OS de saúde, até o fechamento deste texto, o Sindihosfil-SP retornou que não acatará as reinvindicações feitas na paralisação. O Sindicomunitário-SP permanece em estado de greve.

Todo o apoio aos Agentes Comunitários de Saúde!
Por melhores condições de salário e trabalho!
Pela Campanha Salarial Unificada dos profissionais da saúde!