Audiência pública sobre pejotização realizada nesta segunda (6/10) em Brasília
Audiência convocada pelo ministro Gilmar Mendes discutiu vínculos de trabalho e precarização das relações profissionais no país
O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Augusto Ribeiro, e o diretor adjunto da Secretaria-Geral, Ariel Cesar de Carvalho, participaram nesta segunda-feira (6/10) da audiência pública promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os “Desafios econômicos e sociais da pejotização no Brasil”, convocada pelo ministro Gilmar Mendes. O encontro reuniu representantes de entidades sindicais, empresariais e especialistas em relações de trabalho para debater os impactos da terceirização e da contratação via pessoa jurídica (PJ) em diversas categorias profissionais.
A audiência faz parte do processo que discute o reconhecimento de vínculos empregatícios em relações centradas em contratos civis equivocados, uma prática que se expandiu em diversos setores, incluindo o da saúde. Durante as falas, diferentes participantes citaram o caso dos médicos como exemplo da fragilidade dos trabalhadores submetidos a esse modelo — sem direitos trabalhistas, proteção previdenciária ou estabilidade.
Segundo Ribeiro, a ausência de representação das entidades médicas no debate foi um ponto crítico, considerando o peso do tema para a categoria. “Estivemos hoje no STF, na audiência pública convocada pelo ministro Gilmar Mendes, sobre o reconhecimento de vínculos de trabalho em relações com contrato civil. Infelizmente, as entidades médicas não estiveram representadas (nos debates) — nem os sindicatos, nem as federações. O médico tem sido muito citado como exemplo de profissional prejudicado pela pejotização, com risco de calote, sem direito a férias, décimo terceiro, ou afastamento por doença. Essa realidade traz impactos graves também para a economia, a previdência e a arrecadação tributária”, afirmou.
Para o presidente do Simesp, os argumentos apresentados em defesa da regulamentação e do reconhecimento dos vínculos formais de trabalho foram consistentes e reforçam a importância de enfrentar a precarização no país. “As falas em defesa da manutenção dos vínculos nas relações em que há exclusividade, pessoalidade e subordinação foram muito qualificadas. Saímos dessa audiência mais preparados para o debate e confiantes de que há muita gente empenhada em evitar que a pejotização se torne a regra do trabalho no Brasil”, completou Augusto.
O Simesp acompanha de perto as discussões sobre o tema e seguirá atuando para garantir que a categoria médica tenha relações de trabalho estáveis, com direitos assegurados e condições dignas de exercício profissional, em consonância com os princípios da valorização do trabalho e da defesa do SUS.