O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) tem recebido denúncias de atrasos de pagamentos, desde o ano passado, das médicas e dos médicos do Hospital Municipal de Urgências (HMU) e do Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso (HMPB) de Guarulhos, além de relatos sobre a falta de condições de trabalho. Os valores referentes aos salários deveriam ter sido pagos em 25 de janeiro de 2025. Na segunda-feira (10), o Simesp se reuniu com as trabalhadoras e os trabalhadores para formalização das denúncias.
Ambos hospitais são atualmente administrados pela Organização Social de Saúde (OSS) Santa Casa de Misericórdia de São Bernardo do Campo. Porém, a gestão tem sido motivo de insegurança para os profissionais de saúde. Por problemas de gestão, as unidades trocaram de OSS algumas vezes nos últimos anos por problemas administrativos, e a Prefeitura de Guarulhos renovou seguidamente contratos emergenciais com as OSS, de duração de um mês, gerando instabilidade.
Nesta dinâmica, a maioria das médicas e dos médicos são subcontratados por uma empresa quarteirizada, a Cárdio Serviços Hospitalares, em regime de sociedade. As e os profissionais são vinculados como “sócios minoritários”, mas revelaram ao Simesp que nunca assinaram contrato com a quarteirizada e sequer tiveram acesso a contas, balancetes e extratos da suposta “empresa de sociedade”.
Esse tipo de contração, que simula uma companhia, traz inúmeras dificuldades para a categoria, sobretudo quando há falta de repasses do poder público. Nenhuma das empresas, nem a OSS gestora, nem a quarteirizada, muito menos a prefeitura, toma responsabilidade pelo calote, e começa um jogo de empurra. As médicas e os médicos, apesar de terem suas jornadas controladas por aplicativo de ponto com GPS, não têm seus direitos como trabalhadores garantidos: nem o pagamento do salário, nem multa e juros sobre o atraso.
As médicas e os médicos dos hospitais são de diversas especialidades e trabalham em setores como pronto-socorro, enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTI). A maioria das e dos presentes na última reunião com o Sindicato relataram um tempo de permanência curto dos colegas nos equipamentos, com alta rotatividade. Após as ações de políticos na cidade – as supostas fiscalizações nos locais de trabalho denunciadas pelo Simesp -, alguns profissionais já saíram de suas escalas.
As condições de trabalho nos hospitais são bastante precárias. As e os trabalhadores denunciaram a falta de insumos e leitos para atendimento, além da defasagem de todas as categorias nas equipes profissionais, o que acarreta em longas filas de espera e pouca resolutividade nos atendimentos.
Por tudo isso, o Simesp interpela o principal responsável pela OSS, que é a Prefeitura de Guarulhos, nas figuras do prefeito Lucas Sanches e do secretário municipal de saúde Márcio Chaves Pires, para o pagamento imediato das trabalhadoras e dos trabalhadores médicos dos hospitais. Caso não haja resposta imediata, a categoria aventa a possibilidade de paralisação.