“Nós não vamos fechar nenhuma unidade a não ser que já exista substituição daquela unidade.” O compromisso foi assumido por Wilson Modesto Pollara, secretário de saúde da cidade de São Paulo, na tarde de 27 de março. Caberá a Pollara, segundo proposta apresentada vagamente pela própria prefeitura, extinguir 108 unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) do município.
O compromisso foi assumido diante de centenas de pessoas que lotaram audiência realizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Vaiado em diversos momentos, Pollara ainda se comprometeu a fazer reuniões com entidades, como o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), para discutir o assunto. “Nenhuma unidade foi fechada até agora”, ressaltou Wilson Modesto Pollara. Mentira! Gritaram, em coro, parte dos presentes. Dezenas de pessoas iriam se manifestar após o secretário e apontar inconsistências na sua fala.
Na ocasião, Eder Gatti, presidente do Simesp, e outros convidados a se manifestar pelo Ministério Público criticaram a falta de diálogo sobre o tema e exigiram que seja garantido o atendimento à população durante o processo que vem sendo chamado, pelo poder municipal, de “reestruturação”.
Povo Fala
Após a exposição do secretário Wilson Modesto Pollara e de outros convidados, dezenas de pessoas inscritas para falar fizeram duras críticas ao que está acontecendo na capital paulista. Cada uma teve dois minutos.
“Todo discurso do Wilson Pollara é uma falácia”, disse Erika, conselheira de saúde da AMA Jardim Capela, no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo. De acordo com ela, mesmo com a oposição da população e dos conselheiros da unidade, a AMA está sendo fechada.
“A população tem que ser a primeira a ser escutada”, disse Severino. “Nós sequer fomos escutados”, acrescentou. Uma senhora, que se manifestou na sequência, acusou a Prefeitura de perseguir os trabalhadores contrários ao projeto. “E o nosso colega trabalhador médico não é culpado dessa situação”, concluiu.
“Política pública se faz com participação popular”, defendeu um dos presentes. “Aqui não tem analfabeto político não”, acrescentou. Ele respondia diretamente ao secretário Wilson Pollara que em determinado momento da sua fala sugeriu que toda a mobilização popular era fruto de interesses partidários graças ao período eleitoral que se avizinha.