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No Dia Mundial de Combate à Aids, Simesp cobra que prefeito de São Paulo dê atenção às políticas públicas sobre a doença

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01/12/2020 | Notícia Simesp

No Dia Mundial de Combate à Aids, Simesp cobra que prefeito de São Paulo dê atenção às políticas públicas sobre a doença

Sindicato falou com três infectologistas sobre o tema, que abordaram acesso, terceirização e inclusão

 

Hoje, dia 1º de dezembro, é o Dia Mundial de Combate à Aids. A cidade de São Paulo é a que conta com maior número de HIV notificado no Brasil, bem como casos de aids, de acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Por essa razão, o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) vem a público divulgar a necessidade de um Sistema Único de Saúde (SUS) forte e com um Estado que aplique as políticas públicas para essas pessoas, visando não só a garantia de atendimento e tratamento adequados, mas também políticas de testes de HIV e tratamento oportuno que visem a prevenção da disseminação da doença.

De acordo com Juliana Salles, infectologista e diretora do Simesp, é essencial que o prefeito reeleito da cidade, Bruno Covas, tenha um plano de políticas públicas sobre o tema para os próximos quatro anos, tendo em vista que a cidade, ao longo da história, se destaca com seu pioneirismo com ações de controle da pandemia de HIV no país. O tratamento do HIV permite que quem vive com a doença tenha vida longa e saudável, além de ajudar a ​​ interromper a sua transmissão.

Vale ressaltar que, no município de São Paulo, a política Doria/Covas desmontou Serviços de Assistência Especializada (SAEs) para essa população com terceirizações e falta de profissionais, o que dificulta o acesso dos pacientes com HIV à rede. “Há uma grande dificuldade de acesso dessas pessoas ao atendimento na área de infectologia por conta da desestruturação das SAEs por falta de recursos humanos e por uma política que desvaloriza os profissionais”, explica Eder Gatti, também infectologista e diretor do sindicato. Juliana complementa dizendo que o Simesp vem combatendo essas privatizações em todo o setor público.

Sobre o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência histórica no tratamento desses pacientes, Gatti explica que o hospital vem sofrendo há seis anos com uma reforma que não acaba, atuando com leitos fechados. “Além da obra, a falta de profissionais e concurso público compromete a capacidade do hospital de atender mais e melhor os pacientes com HIV.”

População vulnerável

De acordo com Pedro Campana, infectologista, é importante lembrar que, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS) e da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a aids acomete mais homens cisgênero homossexuais negros, bem como a população trans. “É preciso falar sobre o acesso dessas populações ao serviço de saúde. Mais que isso, falar do cuidado integral delas, em especial da população transgênero, que sofre sistematicamente com a exclusão social e muitas formas de violência”.

Para o Simesp, lutar contra a transfobia e a homofobia é um valor fundamental que deve ser encarado pela gestão municipal. “É preciso fortalecer medidas contra esses crimes, educar acerca de gênero e sexualidade nas escolas e romper com preconceitos estruturais da sociedade em que vivemos”, explica.

Além disso, combater a pandemia de HIV/aids é combater o racismo. A aids tem um recorte de cor evidente, matando mais negros que brancos. Portanto, elaborar políticas ativas de combate ao racismo é essencial para combater o avanço da doença, desde a educação básica e dentro da comunidade, estabelecendo políticas de inclusão da população negra em espaços constantemente controlados por brancos.

Cabe à gestão municipal fortalecer as políticas já existentes e criar novos caminhos para o combate dessa pandemia. A doença é sustentada por ausência de direitos humanos, desigualdade social e racismo. “É preciso coragem, ética e trabalho para mudar esse cenário em nossa cidade. Esperamos muito para São Paulo”, finaliza Campana.

 Avanços devem ser ampliados

Em meados de 1980, diante do aumento do número de casos de aids na cidade, movimentos sociais LGBTQIA+ iniciaram sua luta por meio de tensionamentos de órgãos públicos para que esse cenário, incialmente invisibilizado pelo governo, fosse reconhecido. A partir de então, a Secretaria Municipal da Saúde protagonizou as medidas iniciais no controle ao HIV, servindo de modelo ao Brasil. As políticas públicas das pessoas vivendo com HIV no país são uma conquista dessa população que, durante muito tempo, se articulou e continua se articulando.

Em 2015, houve a criação do Projeto Reinserção Social Transcidadania, que visa incluir pessoas trangênero na sociedade como um todo. É importante que esse projeto tenha continuidade e seja expandido, bem como que haja a implementação de políticas de saúde específicas para essa população.

Já em 2019, houve a cidade de São Paulo teve muitos avanços na questão do HIV/aids como consequência do movimento organizado. A implementação das Diretrizes Nacionais de Prevenção Combinada do HIV, que levou a uma redução dos casos na cidade de São Paulo em 18%. Além disso, nesse mesmo ano, a cidade foi certificada como erradicada de transmissão materno/fetal de HIV (transmissão vertical).