Com a mudança de gestão de Organizações Sociais de Saúde (OSS) feita pela Prefeitura de São Paulo, usuários da rede pública da região do Butantã, na Zona Oeste da capital, estão sofrendo com a diminuição de profissionais de saúde. Desde o início do mês, quando a gestão das UBSs da região passou da Fundação Faculdade de Medicina (FFM) para a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), os usuários têm sofrido com a redução na qualidade do atendimento.
A UBS São Jorge, uma das unidades em que ocorreram as mudanças, sofre com a desorganização do serviço com enorme fila na farmácia, reclamações na recepção, suspensão dos agendamentos do dia e atendimentos somente de urgências e consultas agendadas previamente.
Profissionais de saúde das unidades básicas de saúde Boa Vista, Vila Dalva, Jardim D’Abril, São Remo, Vila Sônia, Paulo VI dentre outras, foram surpreendidos pela forma que as notificações de demissão foram feitas nesta transição, desvalorizando os profissionais dos mais diversos segmentos da saúde que atuavam há diversos anos com a comunidade. Ao final do aviso prévio desses profissionais, as unidades irão operar com uma equipe reduzida. Outros serviços de saúde como AMA e PS da região também passam pelo mesmo processo.
Com as equipes reduzidas, os profissionais de saúde mantidos também serão prejudicados, uma vez que em um serviço de APS de qualidade, a coordenação de cuidado será extremamente prejudicada com a saída dos demais profissionais (administrativos, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos entre outros) que juntamente com as equipes de ESF (Estratégia Saúde da Família), são responsáveis pela manutenção de uma rede integral e eficaz de cuidados a saúde da população.
O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) apurou que não houve negociação com os profissionais. A FFM começou com as demissões e a SPDM informou que se esses profissionais de saúde dispensados tivessem interesse poderiam encaminhar novamente o currículo para o novo processo de seleção, mas por uma remuneração inferior à anterior e para atender em outra unidade.
O Presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo afirma que essa transição causa um prejuízo enorme na assistência, pois quebra o vínculo entre paciente e a equipe de saúde, algo fundamental para a qualidade do atendimento. “O Sindicato dos Médicos de São Paulo está acompanhando, com preocupação, a situação da mudança nos contratos de organizações sociais que se repete em outras regiões da cidade. Há prejuízo imediato para os médicos, equipes e principalmente para a população”, ressalta o presidente do Sindicato, Eder Gatti.
Na última sexta-feira, 29, foi feita uma nova reunião com a participação de representantes dos trabalhadores, conselheiros gestores, usuários, assessores da Secretaria Municipal de Saúde, Supervisão Técnica de Saúde do Butantã e o representante da SPDM para discutir os problemas decorrentes da transição e marcar uma reunião com o secretário de saúde para definir a situação.
Durante o encontro os trabalhadores das unidades realizaram uma manifestação em frente à Supervisão Técnica. Nesta quarta-feira, 4, o Simesp realizará uma assembleia para discutir a situação.