Mais de mil médicos residentes do Complexo Hospitalar do Hospital São Paulo, hospital universitário da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), poderão entrar em greve na segunda-feira, 22 de junho. A decisão por paralisação dos atendimentos será tomada em assembleia, às 12h. Os órgãos competentes já foram notificados. Os profissionais reivindicam melhoria nas condições de atendimento à população que, de acordo com os residentes, foi comprometido com o corte de repasse de verbas feito pelos governos federal e estadual.
Segundo o diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Gerson Salvador, em contrapartida ao corte de repasses, o número de atendimentos aumentou significativamente no hospital, que é administrado pela Associação Paulista para Desenvolvimento Medicina (SPDM). “O Hospital São Paulo é um serviço quartenário de portas abertas. Pela falta de médicos e equipes incompletas os residentes ficam sobrecarregados e a fila para atendimentos fica enorme pela falta de profissionais. É necessário garantir melhorias para que a população receba um atendimento adequado”, avalia.
De acordo com o presidente da Associação dos Médicos Residentes da Escola Paulista de Medicina (Amerepam), Klaus Nunes Ficher, além do corte de verbas, o movimento de greve dos servidores técnico-administrativos em educação também teve impacto no trabalho.
Foram recebidas denúncias pelo Simesp dizendo que com a greve dos servidores, houve o bloqueio de leitos para admissões em enfermarias e unidades de terapia intensiva, o que prejudica o trabalho no pronto-socorro, que está diariamente superlotado. Além de prejudicar o aprendizado dos residentes nos diferentes estágios das especialidades e, principalmente, comprometer a assistência a pacientes graves.
Também por meio de denúncias, o Simesp teve conhecimento de que aparelhos de exames por imagem (radiografia, tomografia e ressonância magnética) estão quebrados ou inoperantes. O hospital ainda enfrenta falta de medicamentos essenciais, como antibióticos, corticoides, quimioterápicos e vermífugos. Houve também o fechamento da unidade de emergências cirúrgicas por falta de profissionais de enfermagem, o que sobrecarregou a unidade de emergências clínicas. “A situação do hospital é caótica e coloca em risco a população”, finaliza Salvador.
Promessa de recursos
Na última quinta, 18, o Conselho Gestor do hospital decidiu suspender as internações eletivas. Em nota a Unifesp declarou que o intuito é preservar os pacientes já internados. Após a notícia, o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria Estadual da Saúde prometeram liberar verba de R$ 7 milhões no total para o hospital. Com a promessa, o conselho irá reavaliar a decisão de retomar as internações eletivas.