Para reivindicar a contratação de mais funcionários, a maioria dos médicos do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) decidiu, em assembleia realizada nesta terça-feira à tarde, que entrarão em greve a partir das 7h da manhã de segunda-feira, 30. Além disso, eles também reivindicam que a unidade atenda como hospital de referência até que as contratações sejam feitas.
Por tratar-se de um serviço essencial, será garantida equipe mínima de profissionais para que os casos de emergência não fiquem sem atendimento. Informes sobre a situação do HU serão distribuídos à população que utiliza os serviços da unidade a partir de segunda-feira.
Os problemas de má-gestão levaram a universidade a viver uma de suas piores crises financeiras, que acabou atingindo também o HU. A situação da universidade e do hospital piorou no ano passado, quando a reitoria iniciou o PIDV (Programa de Incentivo à Demissão Voluntária). Com o quadro de funcionários reduzido, muitos médicos decidiram sair por falta de condições de trabalho. Inclusive neste ano, o pronto-socorro infantil chegou a ser fechado por falta de pediatras. Há um déficit de 213 trabalhadores no hospital como um todo.
Na assembleia, o diretor de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Gerson Salvador, disse que todos os caminhos – como denúncia ao Ministério Público (MP) – já haviam sido tentados. Então, não restava outra alternativa senão a greve.
“O resultado (da assembleia) reflete um compromisso dos médicos com o hospital, com a qualidade da assistência e o ensino que o HU sempre ofereceu. Reflete, também, uma posição muito firme contra o reitor da USP (Marco Antonio Zago) que tem investido no desmonte do hospital, e contra a omissão do governo do Estado de São Paulo sobre a situação. Estamos num momento de denunciar essas posições para a sociedade no geral”, diz.
Com a decisão, os médicos se unem a outros trabalhadores da USP, que estão em greve há 13 dias contra o projeto de desmonte e por reposição salarial de 9,34% Em 16 de maio, a reitoria fez uma proposta informal de 3% de reajuste. Ontem (23), os professores também decidiram que entram em greve a partir de segunda. Para hoje à noite, está marcada uma assembleia dos residentes do HU para decidir se vão aderir à paralisação.
Abraço
Antes da assembleia, cerca de 500 funcionários de diversas áreas e alunos de cursos variados da USP realizaram um ato em frente ao hospital, que culminou com um abraço, por volta das 11h, que partiu da entrada do pronto-socorro dando uma longa volta até a lateral da entrada administrativa do hospital.
Enquanto realizavam o ato, eles seguravam cartazes e faixas com os dizeres “Vamos desvincular o Zago”; Sem bom hospital não há bom ensino”; e “Se o HU desvincular, a enfermagem vai parar”. Durante o abraço, gritavam “O HU é nosso!”. Depois, o grupo saiu em passeata até a reitoria.