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Médicos da zona oeste de SP estão sob ameaça de demissão em massa

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22/07/2025 | Notícia Simesp

Médicos da zona oeste de SP estão sob ameaça de demissão em massa

O Simesp recebeu denúncias de que cerca de 50 médicos de família e comunidade (MFCs) que atuam em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da zona oeste de São Paulo estão com seus empregos ameaçados. Os profissionais, que têm contratos de 20 horas semanais com a organização social (OS) Associação pelo Desenvolvimento da Medicina (SPDM), estão sendo pressionados a ampliar a carga horária para 40 horas – quem não aceitar poderá ser demitido.

A própria Secretaria Municipal da Saúde (SMS) admitiu a intenção de realizar demissões em reunião realizada nesta segunda-feira (21), na qual pontuou que “tentaria” manter apenas os empregos de profissionais que atuam na preceptoria da residência médica. 

Com o aval da gestão pública, a SPDM já começou a sondar quais médicos teriam interesse em ampliar a jornada. A proposta é substituir dois profissionais de 20h por um de 40h, sem ampliar o número de equipes, em uma manobra que desconsidera a sobrecarga e o perfil desses profissionais, que têm muitos anos de vínculo com a comunidade e atuam como preceptores de residência médica da USP.

“Esses médicos não estão apenas em atividade assistencial. Eles são formadores, têm vínculo com a população e muitos estão há mais de dez anos nas equipes. Substituí-los é um ataque à qualidade da Atenção Primária à Saúde (APS). A Prefeitura e a OS tratam essa reestruturação como simples ajuste contratual, mas, na prática configura uma demissão em massa disfarçada”, denuncia o diretor de relações sindicais e associativas do Simesp, Guilherme Barbosa. 

De acordo com Barbosa, o sindicato está atuando em diferentes frentes na tentativa de impedir as demissões unilaterais. “O Simesp está acompanhando atentamente os desdobramentos e participará de reunião com médicos nesta quarta-feira, dia 23 de julho, onde será chamada uma assembleia para definir os rumos do movimento. Não aceitaremos que profissionais sejam descartados em nome de uma lógica gerencial perversa”, afirmou.

Situação já ocorreu na Zona Sul e médicos perderam seus postos de trabalho

A medida não é inédita. Situação semelhante ocorreu na Zona Sul, no início deste ano, sob gestão da OSS, a SPDM/PAIS, que demitiu médicos de 20 horas sem qualquer negociação. Sem política pública transparente, a Prefeitura de São Paulo aposta na precarização da APS e ameaça desmontar o que há de mais qualificado na saúde pública da cidade: o vínculo, o cuidado longitudinal e a formação crítica de profissionais.

Simesp toma providências

O sindicato já enviou ofício à SMS questionando a medida e cobrando transparência sobre os critérios e o cronograma dessa suposta “reestruturação”. No documento, o Simesp manifesta preocupação acerca das recentes diretrizes de contratação de médicos para as UBSs geridas por OSs. No documento, é questionada a transição de contratos de 20 horas semanais para 40 horas semanais, buscando esclarecimentos sobre os critérios, alternativas para os profissionais que não desejassem ou pudessem se adequar à nova carga horária, e o cronograma das mudanças. Em resposta, a SMS informou que a definição de carga horária e as adequações contratuais são tratadas diretamente entre as OSs e os profissionais médicos, dentro do escopo dos contratos de gestão firmados. A SMS também mencionou que busca otimizar o financiamento federal para ampliar e qualificar o atendimento, mas que as adequações na carga horária devem respeitar a legislação trabalhista e os acordos estabelecidos.

Entretanto, desde o recebimento da resposta da SMS, a situação tem evoluído de forma desfavorável, com demissões de médicos que não aceitaram a transição para contratos de 40 horas semanais, o que causa prejuízo à continuidade do atendimento e à qualidade dos serviços prestados à população.

O Simesp está atento a essa movimentação e participará de reunião a ser realizada nesta quarta-feira, 23 de julho, com médicos de família e comunidade, para definirmos a melhor estratégia para solucionar o problema, sem prejuízos à categoria.