Em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, os profissionais de medicina de São Paulo farão uma grande passeata na capital para alertar a opinião pública sobre o desrespeito dos planos de saúde à assistência médica, com graves interferências na autonomia e defasagem inaceitável dos honorários. Na mesma data, será suspenso o atendimento eletivo em todo o país, conforme movimento deflagrado pelas entidades nacionais.
A decisão sobre a passeata foi tomada, por unanimidade, em reunião na noite de 15 de março entre a diretoria da Associação Paulista de Medicina (APM), suas Regionais e as representações das Sociedades de Especialidade no Estado. O ponto de encontro será o estacionamento da APM (Rua Francisca Miquelina, 67), a partir das 9h30. Trajados de jalecos brancos, os médicos sairão em protesto até a Catedral da Sé.
O ato público deverá contar com o apoio de representantes dos usuários, hospitais e clínicas, órgãos de defesa do consumidor, parlamentares médicos, acadêmicos de medicina e diversos outros segmentos da sociedade envolvidos na saúde suplementar. Profissionais de medicina do Grande ABC, Baixada Santista e região de Campinas devem engrossar o coro dos manifestantes.
“A situação é mais do que grave. Precisamos de uma ação contundente, efetiva. Quanto mais divulgarmos o movimento em nossas redes, conscientizando o maior número possível de colegas e de pacientes, maior será nossa chance de obter avanços”, afirma o presidente da APM, Jorge Carlos Machado Curi. "A população precisa conhecer a realidade do setor e os órgãos competentes devem tomar as devidas providências."
Florisval Meinão, 1º vice-presidente da APM e diretor da Associação Médica Brasileira, lembra que a passeata e a suspensão do atendimento, em 7 de abril, fazem parte de um cronograma de ações. “É importante que os médicos orientem suas secretárias a explicar aos usuários o motivo da remarcação das consultas e procedimentos para outras datas, e também divulguem a Carta Aberta à População em seus consultórios e conversem com os pacientes sobre o tema, afinal são eles quem pagam os planos de saúde”, destaca.
Para o diretor de Defesa Profissional da APM, Tomás P. Smith-Howard, este grito de alerta é um momento muito singular. “É importantíssima a força de mobilização das Sociedades de Especialidade e Regionais para tornar emblemática a passeata em São Paulo. Precisamos contagiar médicos, pacientes e toda a opinião pública com nossa indignação”, conclama.
Também participaram do encontro os representantes do Sindicado dos Médicos de São Paulo, Otelo Chino Júnior; e do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (Sindhosp) e Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp), Danilo Bernik, que oficializou o apoio das entidades ao movimento.
No período da tarde, havia ocorrido reunião na Associação Médica Brasileira com as Federadas e sociedades brasileiras de especialidade, no intuito de definir estratégias para o movimento nacional. O diretor de Defesa Profissional da AMB, Roberto Gurgel, reforçou a importância de os médicos se manterem firmes na luta pela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), cujos valores devem ser atualizados pela inflação. “Mesmo que um plano pague a consulta a R$ 60, se ele não adere à CBHPM como um todo, mesmo assim o atendimento deve ser suspenso como alerta.”