Única exceção será a Cassi, que tem negociado a contento algumas das reivindicações dos tocoginecologistas
Entre os dias 10 e 25 de outubro, médicos de todo o país participarão de protestos regionais contra os abusos cometidos pelos planos e seguros de saúde.
Em São Paulo, os ginecologistas e obstetras já definiram a estratégia de luta. Vão suspender o atendimento a todas as empresas da capital e do interior entre os dias 10 e 18 de outubro. A exceção será a Cassi, que tem negociado a contento algumas das reivindicações dos tocoginecologistas paulistas.
Os GO’s pleiteiam o fim das interferências das operadoras na prática da especialidade, fato recorrente que coloca em risco a saúde e vida dos pacientes. Reivindicam também reajuste em consultas e demais procedimentos, cláusula de reajuste anual, entre outros pontos.
Abusos dos planos
Recente pesquisa Datafolha encomendada pela SOGESP mostra que 97 em cada 100 médicos associados (que atendem na saúde suplementar) apontam pressões dos planos de saúde no exercício da medicina. Praticamente 6 em cada 10 denunciam alto grau de interferência – notas 4 e 5 em uma escala de 1 a 5.
Entre os quatro tipos de interferências avaliados, 88% dos médicos associados destacam glosa a procedimentos ou medidas terapêuticas; 80% reclamam de interferência em atos diagnósticos e terapêuticos mediante a designação de auditores.
Mais um número alarmante: 6 em cada 10 que atendem planos apontam pressões quando o procedimento indicado é a internação e também no período de pré-operatório; ou seja, uma ameaça à prática segura da medicina, às pacientes e de seus bebês.
Na opinião da grande maioria dos médicos associados, 93%, as operadoras de planos de saúde também dificultam a realização de exames e procedimento de alta complexidade.
Abandono à obstetrícia
Em outra fase da pesquisa, que desenha o perfil dos tocoginecologistas da SOGESP, um dado gravíssimo: 13 % anunciaram que já deixaram de exercer a obstetrícia, devido, em especial, aos baixos honorários e a obrigatoriedade de disponibilidade em período integral. O dado, aliás, apenas explicita o que já era sabido na especialidade e vem reforçar a relevância da luta atual da SOGESP por remuneração pela disponibilidade ao parto.
Outra estatística reveladora evidencia que o médico associado dedica em média, 55 horas SEMANAIS ao exercício da especialidade. Vale notar que entre os médicos que atuam em ambas as áreas, ginecologia e obstetrícia, a carga horária média, é mais elevada, 57 horas SEMANAIS.
"Se a Agência Nacional de Saúde Suplementar e o Ministério da Saúde não tomarem providências, logo não teremos mais Ginecologia e Obstetrícia no Brasil" afirma César Eduardo Fernandes, presidente da SOGESP. "Dados da AMB apontam que hoje a especialidade é procurada pelo mesmo número de recém-graduados que há 20 anos, isso enquanto a população e o número de médicos aumentaram significativamente. Vamos mandar o estudo para a ANS e o MS cobrando providências para esses problemas".