Durante o segundo dia do 1º Congresso do Simesp, realizado nos dias 13 e 14 de junho, o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Augusto Ribeiro, apresentou um balanço da atual gestão da entidade. Em sua fala, Ribeiro destacou os principais desafios enfrentados desde o início do mandato, com foco na reconstrução do sindicato após os impactos da reforma trabalhista e na necessidade urgente de reaproximação com a base da categoria médica.
O presidente lembrou que o fim do imposto sindical deixou a estrutura dos sindicatos financeiramente fragilizada, exigindo uma reinvenção da atuação política e institucional. “A gente vive hoje as consequências disso, inclusive o 1º Congresso do Simesp acontece nesse contexto de tentar se aproximar da base”, afirmou. Segundo ele, o Simesp tem feito um esforço ativo para marcar presença nos locais de trabalho e construir uma base sólida de médicos sindicalizados, com campanhas de filiação e diálogo constante.
Augusto também criticou a insegurança jurídica que ainda ronda o financiamento sindical, mesmo após a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que pacificou a legalidade da contribuição assistencial. Ele defendeu que, para além da dependência financeira de contribuições, é essencial fortalecer politicamente o sindicato como instrumento de mobilização da categoria.
Outro ponto enfatizado foi a precarização crescente das relações de trabalho na saúde. Ribeiro lembrou que a terceirização irrestrita, aprovada pelo STF, tem permitido o avanço da pejotização e a destruição dos vínculos formais, o que afeta diretamente a qualidade do atendimento e a segurança tanto dos profissionais quanto dos pacientes. “A terceirização compromete a permanência dos médicos nas unidades, prejudica a adaptação, a continuidade do cuidado e, em muitos casos, coloca o médico em situação de vulnerabilidade jurídica”, explicou.
Dados da Demografia Médica 2025, do Conselho Federal de Medicina (CFM), também foram trazidos pelo presidente para reforçar o alerta: a feminização da categoria médica torna ainda mais urgente a luta por vínculos trabalhistas dignos, já que as mulheres são as mais afetadas por contratos precários, sem acesso a direitos como licença-maternidade ou afastamento em ambientes insalubres.
Por fim, Ribeiro reiterou que o papel de representação dos médicos é do Simesp como espaço legítimo de articulação das pautas da categoria e de luta por melhores condições de trabalho. “Estamos aqui para congregar os médicos, organizar a luta e indicar caminhos reais para a superação do desmonte do trabalho médico e do SUS”, finalizou.