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Exame do Cremesp mostra que abertura desenfreada de cursos piorou a formação médica no Estado

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30/07/2012 | Notícia Simesp

Exame do Cremesp mostra que abertura desenfreada de cursos piorou a formação médica no Estado

A iniciativa do Cremesp, de tornar o Exame obrigatório, busca evitar uma queda ainda maior na qualidade do ensino provocada pela abertura indiscriminada de novas escolas no país. Em 2012, o Brasil alcançou 196 cursos, só perdendo para a Índia, que tem população seis vezes maior. No total, dentre os cursos que já formam alunos, são 16.876 vagas a cada ano, 58,7% oferecidas por instituições privadas e 41,3% por escolas públicas. De 2000 a 2011, 77 novos cursos foram abertos, 52 deles por entidades privadas.

Sem ouvir as entidades médicas, o governo já anunciou a intenção de criar outras 2.500 vagas de Medicina no Brasil, como forma de reduzir uma suposta carência de médicos no país. O Cremesp e CFM demonstraram no estudo “Demografia Médica no Brasil” que a falta de profissionais se deve à má distribuição dos profissionais entre regiões, e entre o sistema público e privado, desigualdades que não se resolverão com mais vagas e com novos cursos. O governo federal decidiu trocar a qualidade pela quantidade de médicos no Brasil.

Em São Paulo, existem 36 cursos de Medicina (até julho de 2012). Destes, 28 já formam médicos, somando 2.461 vagas por ano. Outros dois cursos já estão em funcionamento, mas não formaram suas primeiras turmas. Seis novos cursos, autorizados recentemente, entre final de 2011 e 2012, ainda não realizaram o primeiro vestibular. (Veja a relação dos cursos de Medicina em São Paulo – Anexo 3)

Muitos cursos passaram a funcionar com currículos inadequados às necessidades de saúde da população, turmas com grande número de alunos, corpo docente insuficiente e sem qualificação, ausência de hospital-escola, aprovação automática e sem garantia de vagas na Residência Médica para os formandos.

O resultado é que boa parte das escolas não oferece ensino de boa qualidade, não é capaz de promover a formação generalista, humanista, crítica e reflexiva em todos os níveis de atenção à saúde, assim como não forma médicos com competências e habilidades nas áreas do conhecimento médico, notadamente em especialidades básicas.

Os Exames do Cremesp, assim como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o Enade, realizado pelo MEC, mostraram, de um modo geral, que as escolas privadas têm menores notas que as públicas e que aquelas abertas mais recentemente têm pior desempenho.

A má-formação gera evidente prejuízo na qualidade da assistência médica, com sérios riscos à saúde e à vida da população. Isso se reflete também nos números apresentados pelos Conselhos de Medicina, com o aumento das denúncias e processos contra médicos.

Veja, na íntegra:

Obrigatoriedade do Exame do Cremesp