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Estudantes de medicina e enfermagem fazem ato contra desvinculação do HU

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09/05/2016 | Notícia Simesp

Estudantes de medicina e enfermagem fazem ato contra desvinculação do HU

“Não ao desmonte do hospital, pois da saúde não se tira um real.” Com palavras de ordem desse tipo, cerca de 200 alunos das faculdades de medicina e enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) realizaram, nesta segunda-feira (9), um protesto bem-humorado, mas também bastante crítico à atual situação do Hospital Universitário da entidade.

O alvo principal dos manifestantes – que também incluía alunos dos cursos de letras e odontologia – foi o reitor da USP, Marco Antonio Zago, e seu projeto de desvincular o HU da faculdade de medicina, o que, no entender deles, prejudicaria muito o ensino o atendimento à população.

Empunhando faixas com dizeres como “Contra a desvinculação, contra o sucateamento, contra o desmonte da universidade pública”, os manifestantes saíram pouco antes das 13h da frente do hospital, na Cidade Universitária, na região do Butantã, zona oeste da capital paulista, e caminharam até a reitoria, onde chegaram às 14h25. Com um carro de som e acompanhados pela bateria Arritmia, de alunos do curso de enfermagem, eles realizaram muito barulho em frente ao prédio onde fica o reitor. No entanto, pelo que a reportagem apurou, Zago está viajando.

“A situação do HU vem se deteriorando desde 2013-2014, quando houve congelamento das contratações e a USP iniciou o seu PIDV (Plano de Incentivo à Demissão Voluntária). A falta de trabalhadores sobrecarrega aqueles que ficaram e muitos deles acabam pedindo demissão. Isso faz com que o hospital fique numa situação insustentável”, avalia André Cortez, 26 anos, aluno do 6º de medicina e um dos coordenadores do ato.

Maria Prandini, 20 anos, aluna do segundo ano e membro do Mosaico, um dos coletivos formados por alunos para discutir e encontrar soluções para os problemas da faculdade, diz que o estopim da mobilização ocorreu quando do fechamento parcial do pronto-socorro infantil, no mês passado, por falta de médicos pediatras.

“O reitor já deixou bem claro ao CAOC (Centro Acadêmico Oswaldo Cruz) que o projeto de desvinculação é uma certeza e que é só uma questão de tempo. Ele disse que, a partir desse ponto (o projeto), pode conversar com os alunos para que seja discutido o que querem que seja mantido no hospital”, conta.

Segundo Maria, parte do aprendizado seria complementado no Hospital das Clínicas, o que, na opinião dela, é um absurdo, uma vez que no HU os estudantes são mais preparados para casos do dia a dia, enquanto no HC o ensino é mais específico e voltado a casos mais graves.

O diretor do CAOC e aluno do segundo ano de medicina Guilherme Zaninetti, diz que, até hoje, tanto a diretoria da faculdade como a reitoria não apresentaram uma proposta concreta sobre o assunto. “Não dá para deixar o hospital ser desvinculado sem termos uma garantia de que a qualidade do ensino e do atendimento será preservada, além, é claro, das relações trabalhistas do hospital. Tenho a esperança de que este ato abra um canal de diálogo com a reitoria para que seja encontrada uma solução plausível e financeiramente viável”, aponta.

Guilherme Marinho, 21, aluno do 3º ano da medicina e também do centro acadêmico diz que os estudantes estão mobilizados nos dois últimos anos pois é visível que a má gestão da reitoria da USP tem afetado a qualidade do ensino e o atendimento no hospital, com fechamento de leitos e do pronto-socorro infantil no mês passado. “Precisamos lutar para que a faculdade e o HU voltem a ter a excelência que já tiveram.”

Os manifestantes também pediram a reabertura das contas da USP, por conta de denúncias de corrupção, e criticaram a presença de organizações sociais, como a SPDM, na gestão da saúde pública. Na quarta-feira, 4, os alunos realizaram uma assembleia, que reuniu 600 pessoas, pouco mais da metade dos estudantes de medicina da USP, na qual votaram uma pauta de reinvindicações, como a não desvinculação do HU, e que servirá de guia para as mobilizações que pretendem fazer, como a de hoje.