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Contra operadoras, médicos paralisam atendimento no país

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08/04/2011 | Notícia Simesp

Contra operadoras, médicos paralisam atendimento no país

Cerca de 600 pessoas participaram ontem, na capital, da passeata organizada por entidades médicas para pedir reajuste na remuneração paga pelas operadoras de plano de saúde. Os dados são da Polícia Militar. Segundo lideranças da categoria, cerca de 80% dos médicos aderiram ao movimento no País. Em São Paulo, a reportagem entrou em contato com 40 consultórios. Em 18, o atendimento a pacientes de plano havia sido suspenso.

Os manifestantes paulistas – que usavam nariz de palhaço e carregavam faixa com palavras de ordem – começaram a se reunir às 9h30 em frente à sede da Associação Paulista de Medicina, na Rua Francisca Miquelina, centro. Às 10h30, seguiram em passeata até a Praça da Sé, onde houve um ato público.

Entre eles estava o cirurgião vascular Michal Sokolowski, de 52 anos, que viajou de Campinas para o protesto. Ele revela que nos últimos quatro anos se descredenciou de seis operadoras não apenas pela baixa remuneração, mas também pela demora e burocracia na liberação de exames e procedimentos. "A medicina atual ficou mais cara e, para segurar custos, as operadoras controlam a atividade médica."

O cardiologista Ivan Lorenzato, que também é de Campinas, afirmou estar constrangido por ter de fazer greve aos 60 anos de idade e 35 de profissão. "É muito desagradável. Mas o valor dos honorários está inviável", diz.

Além de médicos, cerca de cem dentistas participaram do evento, segundo o presidente do Conselho Regional de Odontologia, Emil Razuk. "Os convênios pagam cerca de R$ 15 por uma extração de dente e R$ 20 por uma restauração. Isso mal cobre os gastos com material."

Representantes dos usuários também estavam presentes. "Com honorários baixos, os médicos são obrigados a marcar mais de 20 consultas por dia. Com isso não conseguem dar a atenção que o usuário precisa", diz Flávio de Ávila, da Associação de Usuários de Planos de Saúde de São Paulo.

Em Ribeirão Preto, cerca de 70% dos 3 mil médicos da cidade aderiram à paralisação, segundo o delegado regional do Conselho Regional de Medicina (Cremesp), de Ribeirão, Eduardo Luiz Bin. Em Sorocaba, também segundo a regional do Cremesp, a adesão atingiu mais de 50% dos 1,7 mil profissionais.

Outros Estados. A estimativa para o Mato Grosso do Sul e para Minas Gerais é que a adesão tenha sido em torno de 80%, segundo os conselhos regionais. Isso, em Minas, representa aproximadamente 90 mil procedimentos cancelados. Em Pernambuco, com a adesão total dos anestesistas, nenhuma cirurgia eletiva foi realizada ontem. Nas clínicas e consultórios estima-se que a paralisação também tenha atingido 80% dos profissionais. A avaliação foi feita pelo Conselho Regional de Pernambuco.

Em Curitiba (PR), cerca de mil médicos permaneceram na sede da Associação Médica do Paraná discutindo questões relativas à profissão. Por volta das 15 horas, eles saíram em caminhada por algumas quadras como sinal de protesto. Segundo a Comissão Estadual de Honorários Médicos, pelo menos 85% dos cerca de 11 mil médicos credenciados no Estado deixaram de atender pacientes de convênios ontem.

Em Manaus (AM), o número ficou em torno de 80% dos 1,5 mil médicos que trabalham com planos, de acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mário Vianna. "Se com essa atitude não iniciarmos uma negociação, no dia 1.º de junho vamos começar greve por tempo indeterminado." Vianna revela que o Simeam protocolou a uma ação coletiva no Tribunal Regional do Trabalho contra a Bradesco Saúde e a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), que engloba planos como Geap, Cassi e Petrobrás.

Radicalização. O objetivo do movimento liderado pelas entidades médicas nacionais é abrir negociação com as operadoras de saúde e com a Agência Nacional de Saúde Suplementar dentro de 60 dias. O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Cid Carvalhaes, afirma que se não houver avanço as instituições poderão programar paralisações mais longas ou adotar medidas como ações judiciais e descredenciamento coletivo.