Augusto Ribeiro, Juliana Salles e Jaime Torrez na abertura do 1º Congresso do Simesp
Na sexta-feira, 13 de junho, foi realizada a primeira edição do Congresso do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). A abertura do evento foi feita pelo secretário de comunicação do Congresso, Jaime Torrez, e marcou o início de uma série de debates fundamentais para a categoria médica, abordando temas como conjuntura política, precarização do trabalho e defesa da saúde pública.
O momento de abertura foi marcado por uma homenagem comovente aos médicos intensivistas Silvia Mônica Cardenas Prado e Julio Cesar Acosta Navarro, cujo filho, Marco Aurélio, que estava prestes a se formar médico, foi assassinado pela Polícia Militar. Os dois médicos foram reconhecidos pelo empenho em denunciar a violência policial, recebendo o carinho e solidariedade dos colegas presentes. A emoção tomou conta do auditório, evidenciando o quanto a dor pessoal pode se transformar em luta coletiva por justiça.
Doutora Silvia Mônica e doutor Julio Cesar homenageados pela luta contra a violência policial
Em seguida, foi realizada a primeira mesa do Congresso, dedicada à análise da conjuntura política. A atividade foi mediada por Juliana Salles, presidente do Congresso, e reuniu convidados para debater os impactos das transformações políticas e econômicas nas condições de trabalho da classe médica e dos trabalhadores da saúde.
A secretária de Trabalhadoras e Trabalhadores da Saúde do Sindsep, Flávia Anunciação, uma das convidadas, abordou os desafios enfrentados pelos servidores públicos diante das políticas de austeridade e da precarização dos vínculos empregatícios.
O jornalista Paulo Zocchi, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, trouxe uma análise sobre a pejotização no setor da comunicação, uma das primeiras áreas a sofrer com a precarização, a partir deste tipo de contratação e da possibilidade de terceirirzar a atividade-fim. “A reforma trabalhista, que permitiu a terceirização na atividade-fim, foi fruto de um golpe. Precisamos nos empenhar para anulá-la, pois ela legalizou uma forma de precarização que enfraquece os direitos de todos os trabalhadores”, afirmou.
Mariana Nogueira, doutora em políticas públicas e pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), abordou a expansão da pejotização na área da saúde. Segundo ela, trata-se de um modelo defendido pelo mercado e pelos meios de comunicação, mas que traz graves consequências. “A pandemia apenas escancarou o quanto esse tipo de vínculo é nocivo. Só favorece planos de saúde e grandes conglomerados. Isso não se traduz em melhores condições de trabalho ou em salário digno para os profissionais da saúde”, criticou.
O professor André Vianna, também da EPSJV/Fiocruz, encerrou o debate com uma reflexão histórica sobre a reforma sanitária brasileira, que serviu de base para a criação do SUS. Em sua análise, a proposta de um Estado capaz de regular os interesses públicos e privados em prol de um sistema universal de saúde foi sendo esvaziada. “O Estado que se suponha existir e regular interesses públicos e privados em benefício de um SUS cada vez mais pleno, nunca existiu — e muito menos hoje”, afirmou.
Houve também a abertura para que delegados e demais participantes fizessem perguntas e comentários a respeito do que foi apresentado.
O primeiro dia do Congresso do Simesp mostrou a importância de fortalecer o debate entre médicos e demais trabalhadores da saúde, na construção de uma atuação sindical combativa e atenta aos desafios impostos pela conjuntura atual. As atividades continuam neste sábado com as discussões sobre os eixos temáticos do Congresso.
Mesa sobre conjuntura política com Flávia Anunciação, do Sindsep, e Paulo Zocchi da Fenaj