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CFM divulga dados nacionais sobre interação entre médicos e operadoras de saúde

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11/04/2011 | Notícia Simesp

CFM divulga dados nacionais sobre interação entre médicos e operadoras de saúde

 

  • O Brasil tem 347 mil médicos em atividade, registrados no Conselho Federal de Medicina.

  • Aproximadamente, 160 mil médicos atuam na saúde suplementar, atendem usuários de planos e de seguros de saúde.

  • No Brasil, atuam 1044 operadoras de planos de saúde médico-hospitalares, que movimentaram R$ 64,2 bilhões, em 2009. Projeções indicam que, em 2010, este volume chegou a R$ 70 bilhões.

  •  45,5 milhões (24% da população) é o número de usuários de planos de assistência médica no Brasil. O dado é de dezembro de 2010.

  • 74% dos usuários de planos de assistência médica estão em planos coletivos (quase 33 milhões de pessoas). O restante, 26%, têm plano individual ou familiar.

  • Dos usuários de planos de assistência médica, 19,6% ainda permanecem em planos antigos (8,8 milhões), muitos deles com restrições de cobertura ainda piores do que as praticadas pelos planos novos (contratos após janeiro de 1999).

  • Por ano, os médicos realizam, por meio dos planos de saúde, em torno de 223 milhões de consultas e acompanham 4,8 milhões de internações. 

  • Os médicos atendem, em média, em seus consultórios, oito planos ou seguros saúde.

  • Cada hospital privado atende, em média, convênio com 42 planos de saúde.

  • Cada usuário de plano de saúde vai ao médico (consulta) em média 5 vezes por ano.

  • 80% das consultas, em um mês típico de consultório médico, são realizadas por meio de plano de saúde.  As consultas particulares representam, em média, 20% do trabalho médico em consultório.

  • O médico que trabalha com planos ou seguros de saúde atribui, em média, nota 5 para as operadoras, em escala de zero a dez. Ressalta-se que 5% dos médicos deram nota zero para os planos ou seguros saúde brasileiros e apenas 1% atribuiu notas 9 ou 10.

  • 92% dos médicos brasileiros que atendem planos ou seguros saúde afirmam que sofreram pressão ou ocorreu interferência das operadoras na autonomia técnica do médico.Entre as interferências no trabalho médico, glosar procedimentos ou medidas terapêuticas e impor a redução de número de exames ou procedimentos são as práticas mais comuns das operadoras (veja quadro abaixo).

 
Principais interferências dos planos no trabalho médico
Total %
Glosar ( rejeitar a prescrição ou cancelar pagamento) de procedimentos ou medidas terapêuticas 
78
Limitar número de exames ou procedimentos
75
Restringir ( limitar cobertura)  doenças pré-existentes
70
Autorizar atos diagnósticos e terapêuticos somente mediante a designação de auditores
70
Interferir no tempo de internação de pacientes ( determinar alta hospitalar  antes da hora)
55
Negar a prescrição de medicamentos de alto custo
49
Interferir no período de internação pré-operatório ( não permitir, por exemplo, a internação na véspera da cirurgia)
48
Nenhuma
6
Base (número de médicos entrevistados)
2184
                     Fonte: APM/Datafolha – Pesquisa Nacional
 
  • Mais da metade dos hospitais (54,9%) afirmam que os planos de saúde determinam a transferência de pacientes para hospitais próprios das operadoras.

  • Mais da metade dos hospitais (51%) afirma que os planos de saúde demoram na liberação de guias de autorização para internação, cirurgia e exames, o que prejudica pacientes e médicos.

  • O setor de planos de saúde liderou, em 2010, o ranking de reclamações do Idec pelo 11º ano consecutivo. As principais queixas foram referentes a reajustes de mensalidade, negativas de cobertura, manutenção de dependentes no plano de saúde após a morte do titular e adaptação e migração de contratos antigos. 

IPCA e reajustes da ANS: reajustes muito além dos honorários

  • Os índices de inflação _de 2000 a 2010, medidos pelo IPCA (Índice Na­cional de Preços ao Consumidor Amplo, utilizado pelo governo para medição das me­tas inflacionárias) acumularam 106%, em dez anos.

  • Os reajustes da ANS autorizados para os planos individuais e familiares nesse período ficou acima do IPCA, acumularam 133% %.

 

Ou seja, o reajuste dos honorários médicos ficou muito distante de qualquer índice comparativo.

 

Índice

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

acumulado 2000/2010

IPCA

6,77

6,61

7,98

16,77

5,26

8,07

4,63

3

5,04

5,41

5,91

 106,33%

Reajuste ANS

5,42

8,71

7,69

9,27

11,75

11,69

8,89

5,76

5,48

6,76

6,73

 132,97%

 

Faturamento dos planos X valor da consulta apurado pela própria ANS

Em sete anos, os planos médico-hospitalares tiveram 129% de incremento na movimentação financeira, passando de R$ 28 bilhões para R$ 65,4 bilhões. O valor da consulta, no mesmo período, subiu apenas 44%. Isso em média apurada pela própria ANS.

 

Ano

Faturamento anual dos planos médico-hospitalares ( em R$ bilhões)

Valor médio pago por uma consulta médica  (em R$),  segundo a ANS

2003

28.0

28,00

2004

31.6

30,00

2005

36.4

31,38

2006

41.1

33,37

2007

50.7

36,91

2008

59.1

40,30

2009

64.2

40,23

Crescimento(%)

129 %

44  %

Fonte: ANS. Os valores de consultas de 2003 e 2004 foram apurados pelas entidades médicas. Os demais são dados oficiais da própria ANS.

 

 

Valores dos procedimentos e consultas pagas pelos planos de saúde

 

Além de a consulta valer apenas R$ 40,00 em média (há panos que pagam R$ 25,00), as operadoras chegam a pagar ao médico  R$ 162,00 por uma cesariana, R$ 150,00 por um cateterismo cardíaco e R$10 por um eletrocardiograma. A seguir mais alguns exemplos de valores praticados:

 

Tipo de procedimento

Valor Médio pago ao médico pelo plano de saúde

Menor Valor

pago ao médico pelo plano de saúde

Consulta médica em consultório

39,65

25,00

Cesariana (feto único ou múltiplo)

284,18

161,92

Cateterismo cardíaco

305,47

149,07

Visita médica em hospital

44,80

35,00

Cirurgia de varizes ( bilateral, dois membros)

373,40

164,20

Cirurgia de ouvido (turbinectomia)

96,21

44,88

Visita médica em hospital

44,80

35,00

Apendicectomia*

483,70

381,86

Sutura de pequenos ferimentos

38,45

27,75

Exame de colo de útero (colposcopia)

19,74

16,22

Eletrocardiograma 

16,20

10,02

Remoção de cera no ouvido ( cerumen)

15,51

7,36

Medição de pressão do olho (tonometria)

9,48

6,50

Imobilização  de membros (sem gesso)

8,05

6,29

Cirurgia de nariz (turbinectomia)

96,21

44,88

Fontes: Fenam/Cremesp – valores praticados pelos principais planos de saúde de Belo Horizonte e São Paulo. Em outros centros, há planos que praticam valores ainda menores.

*Honorário do cirurgião