A confusão acerca do símbolo da Medicina é de longa data, porque o bastão de Esculápio e o caduceu de Mercúrio vêm da mitologia grega, mas a simbologia é completamente diferente. Mercúrio e Apolo eram flhos de Zeus, e Esculápio flho de Apolo, mas nasceu como mortal, gerado por Apolo e pela ninfa Corona. Mercúrio, dotado de grande astúcia e eloquência, tornou-se o Deus dos viajantes, comerciantes e ladrões.
Apolo era um Deus multifacetado: da medicina, música, beleza, poesia e artes. Quando nasceu Esculápio, Apolo o entregou ao centauro Quiron, detentor do saber médico, para ser educado.
Quiron ensinou a Esculápio a arte de curar, e o transformou no médico de maior prestígio da Grécia. Chegou ao conhecimento de Zeus que Esculápio ressuscitava mortos. Zeus interpretou que estava querendo ser mais do que os deuses, e o fulminou com um raio. Esculápio passou a ser venerado como Deus da Medicina, na Grécia e depois no Império Romano.
A confusão entre os símbolos começa pelo fato de que o caduceu pertencia originalmente a Apolo. Mercúrio roubou o gado do irmão Apolo e o escondeu. Zeus obrigou-o a devolver o gado. Mercúrio tinha uma fauta e uma lira por cujos sons Apolo era apaixonado. Para se reconciliar com o irmão, deu-lhe de presente os instrumentos, recebendo em troca o caduceu. Apolo dedicouse à música e à Medicina. O bastão (contendo duas cobras enroladas e duas asas) conferiu a Mercúrio poder, inteligência e velocidade. Transformou-se no mensageiro de Zeus.
O bastão de Esculápio tem apenas uma cobra enrolada, e era usado, pelos sábios, para caminhar. Certo dia, ao visitar os doentes, uma cobra enroscou-se no bastão, e ali fcou para sempre.
O bastão representa a sabedoria dos médicos, e a cobra, que troca de pele, a eliminação das doenças. Os dois símbolos, semelhantes no aspecto, pertenceram a personagens diferentes. O caduceu de Mercúrio é o símbolo do comércio e da contabilidade, e o bastão de Esculápio (Asklépio em grego) é o símbolo da medicina.
A confusão começou entre os séculos 3 a.C. e 3 d.C., os alquimistas usaram o caduceu, daí a ligação à farmácia e à medicina. No século 16, Johan Froebe, editor de livros médicos, utilizou o caduceu na capa de traduções de Hipócrates. O exército norte-americano passou a utilizar, desde o século 18, o caduceu como símbolo.
O bastão de Esculápio começou a ser utilizado, entre outras, pela Associação Médica Brasileira e Organização Mundial de Saúde. Basta lembrar que quando nos formamos o juramento de Hipócrates assim começa: “Juro por Apolo, médico, Asklépio, Higeia e Panacéia…”.