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Acervo com 71 obras de pintores italianos estará exposto ao público partir de sábado

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30/08/2013 | Notícia Simesp

Acervo com 71 obras de pintores italianos estará exposto ao público partir de sábado

O mecenato do industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, popularmente conhecido como Ciccillo Matarazzo (1898-1977), foi amplo e irrestrito. Dele partiu a ideia de criar o Museu de Arte Moderna e a Bienal de São Paulo. Para organizar a primeira instituição, ele comprou, entre setembro de 1946 e julho de 1947, 71 obras de grandes pintores italianos, de Carrà a Soffici, passando por Morandi e Sironi, um acervo que até hoje surpreende curadores e colecionadores estrangeiros ao visitar o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC/USP), guardião desse tesouro do antigo MAM desde 1963, ano de sua criação. Ele estará exposto ao público em sua forma integral a partir de sábado, na mostra Classicismo, Realismo, Vanguarda: Pintura Italiana no Entreguerras, com curadoria de Ana Gonçalves Magalhães. No mesmo andar da nova sede do museu, onde antes funcionava o Detran, o MAC/USP inaugura uma exposição com 18 das 21 telas da coleção do museu de Alfredo Volpi, principal pintor moderno do Brasil, que tem como curador outro pintor, Paulo Pasta (leia texto abaixo).

Volpi foi o maior herdeiro do legado da pintura italiana do período eleito pela mostra da coleção de Ciccillo Matarazzo, que tem hoje 429 obras de artistas brasileiros e estrangeiros. Como ele, outros modernos ativos no Brasil foram fortemente influenciados pela sintaxe visual do Novecento – movimento milanês inicialmente marcado pela pintura metafísica e criado pouco tempo depois da Semana de Arte Moderna paulista. A curadora Ana Magalhães reuniu alguns desses nomes para mostrar a ressonância das ideias antivanguardistas do Novecento italiano, que defendia um retorno à ordem e o resgate da tradição, levando muitos dos pintores italianos presentes na mostra a apoiar o fascismo de Mussolini (Sironi, entre eles).

Por causa disso, também a compra do núcleo inicial da coleção de Ciccillo Matarazzo foi associada à figura um tanto sinistra da crítica fascista italiana Margherita Sarfatti (1880-1961), socialite e uma das várias amantes de Mussolini, o que não é verdade, segundo a curadora da exposição. “Ela já estava exilada na Argentina e só voltaria a Itália em 1947”, diz Ana Magalhães, lembrando, contudo, que foi o genro de Margherita, o conde napolitano Lívio Gaetani, casado com Fiammetta, o intermediário das compras nas galerias de Milão e Roma, auxiliado por Enrico Salvatore. Nem Ciccillo nem sua mulher, Yolanda Penteado, participaram diretamente das aquisições, feitas em galerias como a de Pietro Maria Bardi, que viria a ser diretor do Masp.