De acordo com o presidente do Simesp, Eder Gatti, presente na reunião, o recuo da filantrópica é considerado uma vitória inicial, por impacta diretamente na terceirização dos serviços. “Sem esse montante de demissões, os profissionais continuarão com seus empregos por CLT, sem terem seus postos de trabalho terceirizados no momento. O sindicato se preocupa com a terceirização da Santa Casa porque impacta diretamente na qualidade de assistência à população, no ensino de estudantes de medicina e residentes. Estamos e sempre estivemos dispostos a negociar”, explica Gatti.
Na reunião, o presidente do Simesp sinalizou que recebeu diversas denúncias de médicos, tanto da UTI da Santa Casa quanto do PS do Hospital Santa Isabel, relatando sofrerem assédio para pedirem demissão. Por esse motivo, Gatti solicitou que haja uma mesa de reuniões com a área técnica médica da entidade para debater condições de trabalho, além de assembleia com os profissionais nas dependências da filantrópica. “Nessa situação de tumulto, muitos médicos se sentiram acuados e pediram demissão. Esperamos que a partir de agora a situação se regularize para que os profissionais consigam atuar para que se regularize o funcionamento do hospital.”
O Simesp solicitou à Santa Casa a lista dos novos demitidos para convocar assembleia, principalmente os profissionais do Hospital São Luiz Gonzaga, que não haviam sido citados no anúncio anterior de dispensas.
Demissões paralelas
O Simesp precisou pedir que a Justiça do trabalho intermediasse as negociações porque a Santa Casa havia rompido com o diálogo de forma unilateral, mesmo com margem para negociação. Após o rompimento, cerca de 23 médicos da Santa Casa já se demitiram após negociação individual e paralela, segundo informações da própria entidade. Para Gatti, a filantrópica agiu para tumultuar o ambiente da instituição, com o intuito de estimular médicos a pedirem demissão.
Ao anunciar que já havia negociado individualmente a demissão desses profissionais, a Santa Casa foi questionada pelo Ministério Público (MP), que investigará a situação. Segundo o MP, a entidade já tem condenação anterior por incentivar demissões em massa de forma individual.
O sindicato questiona a negociação individual e consultará o Ministérios Público do Trabalho quanto à validade dessas demissões, já que a Santa Casa utilizou uma tática desonesta para estimular os pedidos de dispensa, ocultando a demissão em massa. “Agora, quanto mais médicos abrirem mão de seus postos de trabalho de forma espontânea, mais margem para a terceirização a Santa Casa terá”, finaliza o presidente do Simesp.