Com o pagamento dos salários referentes ao mês de fevereiro, os médicos do Estado começaram a constatar o verdadeiro engodo que é o plano de carreira do governo Geraldo Alckmin. Muitos deles se queixam, inclusive, de redução salarial e criticam o fato de a Secretaria de Estado da Saúde ter anunciado que os médicos poderiam ter salário de até 14 mil reais, mas que na prática está havendo redução de valores. Além disso, questionaram o fato de a grande maioria dos médicos ter sido classificada na categoria I, independentemente do tempo de profissão.
As críticas foram feitas durante reunião na sede do Simesp, na noite de 27 de março, quando também foi discutida a preocupação de uma verdadeira evasão de médicos nos equipamentos de saúde, o que pode ser agravada com essa desvalorização do trabalho. Profissionais do hospital de Taipas confirmaram essa situação informando que 130 médicos pediram demissão no período de um ano. “Faltam médicos, cirurgiões, clínicos, material de trabalho, falta tudo, desabafou uma médica”.
O presidente do Sindicato, Cid Carvalhaes, fez um resumo de toda a trajetória de construção do projeto de carreira do governo estadual. Enfatizou o posicionamento do Sindicato de criticar os artigos e a falta de clareza do projeto. “O Simesp apresentou uma série de propostas de emendas ao projeto de lei n° 39. As sugestões foram feitas em audiência pública com a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa. A bancada governista, que tem maioria na Casa, impediu qualquer alteração no texto original enviado pelo governador”. O presidente do Simesp colocou o departamento jurídico da entidade à disposição da categoria.
O Sindicato pretende fazer um retrato da saúde no estado, um levantamento real das condições dos hospitais – quantos médicos trabalham, se faltam profissionais, as condições de trabalho, entre outras. Para isso, conta com a colaboração dos médicos lotados no Estado. A proposta foi apoiada pela reunião, assim como a constituição de um grupo de estudo para discutir o obscurantismo do plano de carreira; a solicitação de audiência pública na Alesp; assembleias setoriais nos hospitais e articulação com demais sindicatos do estado.
Aprendendo com saúde
Na mesma reunião também foi discutida a questão dos médicos do programa “Aprendendo com Saúde”. Eles informaram que são mais de uma centena de pediatras e que o programa existe desde 2007 e foi agora desativado. A SPDM, organização social responsável pela contratação dos médicos, informou aos profissionais não haver verba para o programa. “É uma situação trabalhista indefinida, estamos sem receber salário”, desabafou uma das médicas presente.
“O Simesp vai solicitar uma reunião com a SPDM para dirimir dúvidas, pois a situação pode, inclusive, ser caracterizada como assédio moral”, explicou o presidente do Sindicato, Cid Carvalhaes.